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São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2003

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MÍDIA

Plano visa assegurar presença importante do país na "batalha mundial de imagens'; rede terá matérias em francês, inglês e árabe

França quer ter canal internacional de notícias em 2004

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

O governo francês pretende lançar, em 2004, um canal internacional de notícias, numa tentativa de difundir o modo como o país vê o mundo e a cultura francesa, a exemplo do que já ocorre com o Reino Unido por meio da BBC.
O projeto, lançado no primeiro semestre deste ano, tem como objetivo oficial "garantir uma presença mais importante e mais visível da França na batalha mundial de imagens e contribuir para o pluralismo da informação internacional", segundo um boletim informativo do gabinete do premiê francês, Jean-Pierre Raffarin.
De acordo com Dominique Reynié, cientista político do Instituto de Estudos Políticos de Paris, isso significa que a administração francesa "se deu conta de que está perdendo a batalha audiovisual e de que é preciso estender sua esfera de influência cultural por meio de uma rede de TV".
"Trata-se de uma questão de "soft power", o poder que advém da influência cultural e ideológica de um país sobre o restante do planeta. Sabemos que a França era muito importante nessas áreas até o século 19 ou o início do século passado, mas essa influência foi diluindo-se com o tempo. Assim, o plano de lançar um canal de notícias parece inserir-se no esforço para recuperar o atraso", explicou Reynié à Folha.
"Antevejo uma rede de notícias bem mais parecida com a BBC britânica do que com a CNN americana. Esta é privada, não pública. Assim, deveremos ver programas de forte conteúdo analítico no futuro canal francês", acrescentou o cientista político.
O chanceler francês, Dominique de Villepin, prometeu, há duas semanas, que Paris dará o apoio financeiro necessário para que o projeto se concretize, dizendo que o poder público dedicará a ele "meios importantes e duráveis". Estima-se que o CFI-24 (Canal França Internacional, 24 horas por dia) venha a ter um orçamento de 80 milhões, podendo chegar a 100 milhões, além das contribuições de seus "membros", como imagens, reportagens etc.
Um estudo da Assembléia Nacional da França sobre o canal de notícias, divulgado em maio, preconiza uma grande aliança em torno do projeto. Assim, poderiam ser "membros" do canal a agência de notícias France Presse, as redes de televisão TV5 e Euronews e grupos privados, como a TF1 e o Canal Plus. De Villepin falou de uma "parceria entre operadores públicos e privados".
O presidente do CFI-24 será indicado pelo Conselho Superior do Audiovisual. Cerca de 200 pessoas trabalharão na rede, entre os quais por volta de cem jornalistas.
No início, as imagens do canal de notícias -em francês, em inglês e em árabe- serão captadas na Europa, na África e no Oriente Médio. Mais tarde, sua difusão será estendida às Américas e à Ásia, com o português, o espanhol e o chinês podendo ser introduzidos em sua programação.


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