São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Líder promete abrir mão de poder; promessa anterior não foi cumprida

Arafat cede, e Korei ainda é premiê

DA REDAÇÃO

O premiê palestino, Ahmed Korei, retirou seu pedido de demissão ontem, quando o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, decidiu lhe conceder mais poderes para realizar reformas político-institucionais, pondo fim, ao menos por enquanto, a uma crise de liderança que paralisava a administração palestina havia dez dias.
Segundo o chefe-de-gabinete de Korei, Hassan Abu Libdeh, o acordo feito com Arafat dará ao premiê palestino "controle real" sobre a polícia e os serviços de segurança preventiva pela primeira vez. "O gabinete recebeu poderes para realmente executar suas funções", disse o chefe-de-gabinete.
De acordo com autoridades americanas, reformas nessas áreas, que são dominadas "pela corrupção e pela ilegalidade", são necessárias para dar novo alento ao processo de paz entre palestinos e israelenses.
No passado, porém, Arafat não cumpriu promessas de abrir mão de parte de seu poder para resolver crises no governo -feitas em situações em que ele também se encontrava pressionado interna e externamente. Assim, a reação dos EUA ao anúncio foi cética.
Arafat aceitou acatar as exigências de Korei depois de uma explosão de violência nos territórios palestinos. Manifestantes e grupos armados exigem que a velha-guarda da política palestina, considerada "corrupta", perca poder e que as instituições governamentais sejam mais transparentes.
A situação também expôs uma disputa pelo poder na faixa de Gaza. Vale lembrar que o premiê de Israel, Ariel Sharon, pretende retirar colonos judaicos e soldados israelenses da região até o final do ano que vem.
"O presidente [Arafat] rejeitou meu pedido de demissão, e respeitarei sua decisão", afirmou Korei. "Estou satisfeito com o fato de que o presidente Arafat está falando sério desta vez, não são apenas palavras vãs. Agora poderemos agir com firmeza", acrescentou.
Arafat também concordou em permitir que a Justiça palestina investigue as acusações de corrupção na polícia e nas forças de segurança, segundo Saeb Erekat, ministro palestino.
Arafat e Korei, que, durante décadas, lideraram o movimento nacionalista palestino, deixaram a reunião do gabinete lado a lado, trocaram um beijo publicamente e buscaram mostrar que a reconciliação é verdadeira.


Com agências internacionais


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