São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 2006

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opinião

Para política de Israel, vencer é obrigatório

ZE'EV SCHIFF
DO "HAARETZ"

Após duas semanas de combates, Israel ainda não alcançou seus objetivos principais no campo de batalha. As conversações em vista de uma solução política ainda estão em fase inicial. O Hizbollah quer intensificar a guerra de atrito contra alvos civis, para que Israel aceite um cessar-fogo mal definido que servirá como degrau para ataques futuros contra Israel. Um cessar-fogo desse tipo não deve ser aceito.
É sabido que o Irã está exigindo que a Síria aumente o apoio que dá ao Hizbollah. Assim como os EUA gostariam que Israel derrotasse o Hizbollah, o Irã não quer ver a organização destruída e faz de tudo para que isso não aconteça. Isso mostra que a luta militar ainda não está no ponto máximo, e os esforços diplomáticos, tampouco.
O que importa não é o futuro de cidades xiitas ou posições do Hizbollah, mas o futuro e a segurança do Estado de Israel. Essa luta também vai determinar a posição de Israel no Oriente Médio e seu papel entre os Estados árabes. Alguns dos Estados árabes reconhecem esse fato e não querem que o Hizbollah saia vitorioso nessa campanha. A posição deles não se deve a nenhum amor por Israel, mas à preocupação com seu próprio futuro.
Se a dissuasão exercida por Israel for abalada, em decorrência de um fracasso na batalha, a paz com a Jordânia e o Egito, conquistada a duras penas, também será solapada. A dissuasão israelense é o que está por trás da disposição dos árabes moderados em fazer a paz com Israel. O Hamas, que pede a destruição de Israel, será fortalecido, e é duvidoso que qualquer palestino se disponha a buscar acordos com Israel. É esse o vínculo que existe entre a luta contra o Hizbollah e o conflito israelo-palestino.
Há em Israel uma geração que pode não se recordar de quantos acordos de cessar-fogo inúteis já foram assinados no Líbano. Israel precisa de uma nova realidade que, ao menos, distancie a ala militar do Hizbollah dessa região. Isso é claro para a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, mas Nasrallah e o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, tentam impedir.


Tradução de CLARA ALLAIN


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