São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2008

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Derrotas trabalhistas ameaçam Brown

Mídia britânica aponta complô de ministros para forçar saída antecipada do premiê; em público, aliados negam querer cargo

Após 3º fracasso em três meses, pressão por renúncia aumenta; pesquisa estima liderança de conservadores, com 63%, em eleições gerais


DA REDAÇÃO

A crescente insatisfação dentro do Partido Trabalhista britânico com os recentes fracassos eleitorais da legenda parece estar cada vez mais perto de derrubar o premiê do Reino Unido, Gordon Brown, que assumiu em junho de 2007 após a renúncia de Tony Blair.
Ontem, analistas políticos e jornais britânicos elevaram exponencialmente a especulação sobre a queda de Brown, apontando um complô em seu gabinete e listando possíveis substitutos -entre os quais se destacam Jack Straw, ministro da Justiça, e David Miliband, ministro das Relações Exteriores.
A pressa em renovar a liderança do partido aumentou depois do fracasso nas eleições regionais parciais de Glasgow Leste, que na última quinta-feira resultaram na terceira derrota em pleitos regionais trabalhistas em nove semanas.
"A pergunta não é "se" haverá uma tentativa de derrubar Brown, e sim "quando'", resumiu o "Daily Mail".
Em maio, os trabalhistas sofreram outra derrota crucial nas eleições locais -tiveram 24% dos votos, seu pior desempenho dos últimos 40 anos. O partido ficou atrás não apenas dos maiores rivais, os conservadores (44%), como também dos liberal-democratas (25%).
Entre causas apontadas para as derrotas estão a crise das hipotecas, que começou nos EUA e atingiu com força o Reino Unido; uma impopular reforma no Imposto de Renda, que abalou famílias trabalhadores, base do partido; e o desgaste natural depois de 11 anos de poder.

Pressão interna
Segundo o influente diário "The Guardian", há uma pressão pesada sobre Straw e outros trabalhistas de alto escalão para liderar uma delegação e convencer Brown a renunciar o quanto antes, "pelo bem do trabalhismo".
O premiê tem até junho de 2010 para convocar uma nova eleição legislativa. Mas há fortes considerações no partido para impedir Brown de continuar à frente dos trabalhistas durante o pleito, em momento de alta impopularidade.
Em público, líderes seguem tergiversando sobre o suposto complô. Ontem, Jack Straw insistiu estar "absolutamente convencido" de que Brown deve permanecer no cargo.
Mas um aliado seu, o ex-ministro George Howarth, pediu publicamente a saída de Brown: "Nas próximas semanas, as pessoas precisam pensar seriamente sobre como proceder para sair [da crise]. Obviamente, isso inclui a questão da liderança do partido", disse, segundo o "Guardian".
De acordo com levantamento divulgado no site Electoral Calculus, baseado em pesquisas nacionais, se as eleições gerais britânicas fossem hoje, os conservadores conseguiriam 63% dos votos, contra 34% dos trabalhistas. O cálculo se baseia em pesquisas feitas com 6.378 pessoas entre 4 e 20 de julho. A margem de erro não foi informada. Nas eleições de 2005, conservadores obtiveram 33%, contra 36% dos trabalhistas.


Com agências internacionais


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