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Medida é política, diz criminologista
da Reportagem Local
Para o criminologista mexicano
Rafael Ruiz Harrell, a transferência de militares para a Polícia Federal Preventiva é política.
"O governo está preocupado
com as eleições presidenciais do
ano que vem. E a formação de
quadros para a PFP demorará no
mínimo um ano", diz Ruiz, professor da Universidade Nacional,
na Cidade do México.
Ele questiona também os objetivos da nova polícia: "O governo
não quer coordenar (a política de
segurança), mas mandar. Mas o
México é uma federação. Cada
Estado tem sua própria polícia".
Segundo ele, a PFP só poderá
combater crimes federais, como o
narcotráfico. A delinquência comum, principal problema do
país, estaria fora de seu alcance.
A criminalidade no México
cresceu após a crise financeira
que atingiu o país em 1994. Em 93,
houve cerca de 137,5 mil delitos
denunciados na capital mexicana
(com cerca de 17 milhões de habitantes). Em 97, foram cerca de
255,5 mil e, em 98, 237,8 mil.
"No ano passado, os roubos representaram 63% dos delitos denunciados. Os crimes que trazem
algum lucro para o criminoso foram os que mais cresceram, uma
consequência direta da crise econômica", diz Rafael Ruiz Harrell.
Intervenções no Brasil
O Exército brasileiro já participou de operações de segurança
pública em circunstâncias especiais, como durante a Eco 92, e no
final de 94, quando houve ocupação de morros e favelas.
Mas, segundo o cientista político brasileiro Paulo de Mesquita
Neto, 37, isso deve ser evitado.
"Os militares não devem atuar
no combate à criminalidade porque são treinados para combater
um inimigo externo e não cidadãos de seu próprio país", diz
Mesquita Neto, do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
"A lógica da ação militar não é a
mesma da ação policial. O militar
é preparado para lidar com forças
inimigas de outro país. Já a criminalidade é um fenômeno que se
manifesta entre pessoas da mesma comunidade", diz.
"Para combatê-la, a polícia depende da cooperação da comunidade. Se atuar com a lógica militar, não terá cooperação, porque
o inimigo não coopera."
(OD)
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