São Paulo, Quarta-feira, 28 de Julho de 1999
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POLÊMICA
Decisão do governo de usar 5.000 militares no combate à delinquência é criticada pela oposição
México usa Exército contra crime

OTÁVIO DIAS
da Reportagem Local

A decisão do governo mexicano, anunciada no início de julho, de transferir cerca de 5.000 militares para participar do combate à delinquência está causando uma polêmica sobre uma suposta "militarização" do sistema de segurança pública no país.
"Aproveitaremos a disciplina militar para aumentar a capacidade da Polícia Federal Preventiva de forma a poder atender às demandas da sociedade", disse o ministro do Interior mexicano, Diodoro Carrasco.
"Consideramos grave e perigoso que se incorporem os militares à polícia, pois existe o risco de que se cometam excessos e violações aos direitos humanos", afirma Salvador Tinajero, da Comissão Mexicana de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos.
Segundo políticos oposicionistas, a medida seria inconstitucional. "Quero que me digam em que país ocorre isso. É evidente que o Exército não está autorizado a atuar como polícia e muito menos estar sob as ordens da polícia", disse Pablo Gómez Alvarez, presidente nacional do Partido da Revolução Democrática.
Em 7 de julho último, o governo transferiu 4.899 soldados, 352 veículos militares, 1.862 armas e 99 cachorros para a Polícia Federal Preventiva (PFP).
A PFP foi criada em novembro de 98 pelo presidente do México, Ernesto Zedillo, para coordenar a política de segurança nos níveis federal, estadual e municipal.
Também serão unificadas as polícias rodoviária, migratória e alfandegária.
Segundo a Secretaria de Governo, a transferência não será permanente. "A PFP é um projeto cuja consolidação demorará cerca de dois anos, inclusive para a formação de quadros", disse à Folha um porta-voz da secretaria.
"Enquanto isso, o governo chegou à conclusão de que seria importante o apoio de cerca de 5.000 efetivos do Exército já devidamente formados", afirmou.
Segundo o governo, os militares serão utilizados em funções de inteligência, contra o crime organizado e na proteção de portos, aeroportos, estradas e fronteiras.


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