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GUERRA SEM LIMITES
Bush recebe embaixador em rancho e promete consultar Arábia Saudita e outros países sobre ataque ao Iraque
EUA buscam reaproximação com sauditas
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George W. Bush, recebeu ontem o embaixador saudita em seu rancho no Texas (sul). A reunião faz parte de uma ofensiva diplomática americana para melhorar as relações com a Arábia Saudita, maior produtor mundial de petróleo e aliada estratégica de Washington.
O príncipe Bandar bin Sultan, acompanhado de sua família, foi recebido pelo presidente para um encontro informal. Bush prometeu a ele "consultar a Arábia Saudita e outras nações sobre os passos a serem tomados com relação
ao Iraque", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.
Horas antes, Bush telefonou ao
príncipe Abdullah, líder máximo
saudita em atividade, para reafirmar a sua intenção de fortalecer a
aliança bilateral. Os laços de cooperação foram abalados nos últimos meses por diversos fatores,
que seriam discutidos ontem.
Riad -assim como o restante
do mundo árabe- se nega a
apoiar o projeto de Bush de forçar
a deposição do regime de Saddam
Hussein. Diz que não vai autorizar a utilização de bases aéreas
dos EUA em seu território para
missões contra Bagdá.
A monarquia saudita tampouco
concorda com a política americana com relação ao conflito israelo-palestino, baseada no isolamento do líder palestino Iasser
Arafat e no apoio às ações antiterrorismo do governo de Israel.
Além disso, autoridades americanas criticam a Arábia Saudita
pela falta de empenho no combate às atividades de militantes extremistas islâmicos anti-EUA.
Ao menos 15 dos 19 sequestradores dos aviões usados nos atentados de 11 de setembro eram sauditas. Dentre os mais de 500 acusados de ligação com a rede terrorista Al Qaeda detidos no Afeganistão e transferidos à base de
Guantánamo (Cuba), 125 são da
Arábia Saudita.
Há relatos de que os sauditas, temendo represálias, estariam
transferindo seu dinheiro dos
EUA para a Europa. Cerca de US$
200 bilhões teriam sido movimentados. Riad nega. Parentes de
vítimas dos atentados entraram
com ação na Justiça dos EUA pedindo indenização de US$ 1 trilhão a membros da família real
saudita e empresas do país.
A agência de notícias oficial
Saudi Press Agency publicou detalhes da conversa de ontem entre
Bush e Abdullah. Afirmou que o
presidente dos EUA teria minimizado a importância de comentários hostis à Arábia Saudita feitos
em Washington. "Esses comentários não refletem a força e a solidez do relacionamento", teria declarado Bush. Ele estaria se referindo a uma apresentação feita
por um analista no Pentágono na
qual o palestrante argumentou
que os sauditas deveriam passar a
ser vistos como inimigos. "A Arábia Saudita apóia os nossos inimigos e ataca os nossos aliados", disse o analista da Rand, instituto de
estudos estratégicos que ajuda a
formular a política americana.
Bush teria explicado que o pensamento da Casa Branca difere da
visão proposta pelo analista.
Um exemplo do estado das relações diplomáticas foi dado em
editorial do diário saudita "Riyadh": "É preciso lançar um diálogo nacional sobre o futuro de nossos vínculos com os EUA porque estamos recebendo repetidos
sinais de Washington de que eles não enxergam mais nossas relações da mesma forma".
Iraque
As divergências sobre uma possível ação contra o Iraque são o tema mais urgente da agenda. Riad tem dado sinais de insatisfação com os "falcões" do governo
Bush, que defendem uma ofensiva contra Saddam mesmo que os EUA tenham de agir sozinhos.
Para a monarquia saudita -e para outros regimes autoritários da região apoiados pelos EUA- uma guerra poderia radicalizar a opinião pública árabe e ameaçar a
estabilidade política regional.
Com agências internacionais
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