São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 2002

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Bagdá afirma não temer ameaças americanas

DA REDAÇÃO

O governo iraquiano afirmou ontem que não teme as ameaças de ataque dos Estados Unidos. A declaração foi dada pelo vice-presidente do Iraque, Taha Yassin Ramadan, um dia após o vice-presidente americano, Dick Cheney, ter afirmado que os EUA devem agir rapidamente, antes que os iraquianos obtenham armas de destruição em massa.
"O Iraque não deve se preocupar com essas ameaças", disse Ramadan em Damasco, onde se encontrou com o presidente da Síria, Bashar al Assad. Em Bagdá, segundo a agência de notícias oficial INA,o ditador iraquiano, Saddam Hussein, afirmou que um ataque "contra o Iraque será um ataque contra todos os árabes".
No mais duro discurso de uma autoridade americana contra o Iraque nos últimos dias, Cheney afirmou que Saddam pode conseguir armamentos nucleares em breve se nada for feito.
"O risco de agir é menor do que o de não agir", disse anteontem o vice dos EUA em um encontro com veteranos de guerra em Nashville. Cheney disse ainda que Saddam "pretende dominar todo o Oriente Médio, conseguindo o controle de grande parte das reservas de energia do mundo e ameaçando países amigos do EUA na região".
O Departamento de Estado tentou amenizar as declarações de Cheney ontem, afirmando que o presidente dos EUA, George W. Bush, ainda não decidiu se lançará uma guerra contra o Iraque.
O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse que, se for lançada uma ação contra o Iraque, o governo americano irá conseguir apoio internacional.
O vice iraquiano foi à Síria em busca de apoio diplomático contra as ameaças de ataque dos americanos. Para Ramadan, "a opinião pública cada vez mais rejeita a dominação americana. O que nos interessa é uma unidade dos árabes".
Segundo a Sana -agência oficial de notícias da Síria-, Assad disse que "a Síria ficará ao lado do Iraque e se opõe às ameaças de ataque dos americanos".
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, afirmou que o Oriente Médio se transformará em um caos se os EUA atacarem o Iraque.
O ministro das Relações Exteriores do Qatar, Jassim bin Jabr al Thani, esteve em Bagdá para conversar com Saddam e disse que "os árabes são incapazes de impedir os EUA de atacarem o Iraque". Porém acrescentou: "O Qatar se opõe a ações militares contra países árabes ou muçulmanos".

Crítica alemã
O chanceler (premiê) da Alemanha, Gerhard Schröder, também criticou as declarações de Cheney. O líder alemão disse que não concorda com as afirmações do vice americano e reafirmou sua oposição a uma ação contra o Iraque.


Com agências internacionais


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