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São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Segundo subsecretário de Estado, ONU poderia patrocinar força multinacional, mas sob comando americano

EUA podem permitir maior atuação da ONU

DA REDAÇÃO

Richard Armitage, subsecretário de Estado dos EUA, admitiu ontem, pela primeira vez, que Washington estuda a possibilidade de permitir que uma força multinacional patrocinada pela ONU atue no Iraque. Mas ele salientou que o comando dessa força deveria ficar a cargo dos EUA.
"Trata-se de uma das hipóteses que estamos examinando. Há quem diga que uma decisão já foi tomada, mas ainda estudamos o tema", afirmou Armitage.
Especula-se que o Reino Unido, o maior aliado dos EUA na Guerra do Iraque, esteja por trás da iniciativa, pois a coalizão anglo-americana vem sofrendo várias baixas no país. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, defendeu essa hipótese na semana passada, dizendo que a entidade deveria ter sua missão ampliada.
A reconstrução do Iraque custará "várias dezenas de bilhões de dólares", mas o país não está imerso no caos, segundo disse o chefe da Autoridade Provisória da Coalizão (APC), Paul Bremer, ao diário "The Washington Post".
Bremer afirmou que o dinheiro será necessário para reconstruir a infra-estrutura do Iraque e para dar novo alento à sua economia, que está em ruínas depois de mais de uma década de sanções econômicas e da guerra contra a coalizão anglo-americana.
De acordo com Bremer, atender a demanda iraquiana por eletricidade custará US$ 2 bilhões em 12 meses, enquanto a reconstrução do sistema de distribuição de água do país não custará menos de US$ 16 bilhões -despendidos em quatro anos.
Os calculos de Bremer foram revelados num momento em que o Congresso dos EUA prevê um déficit orçamentário de US$ 480 bilhões para o ano fiscal de 2004. O PIB do Brasil foi de cerca de US$ 450 bilhões em 2002. E ganham força, dentro e fora dos EUA, vozes críticas à ocupação do Iraque -liderada por Washington.
Além dos custos relacionados à reconstrução, os EUA gastam por volta de US$ 4 bilhões por mês com as forças que ocupam militarmente o Iraque.
Um funcionário do Departamento de Estado dos EUA -que não quis ser identificado- disse ao "Post" que a Casa Branca planeja persuadir o Congresso a aprovar um "enorme" pacote de gastos suplementares. Outros funcionários do governo americano afirmaram ao jornal que também é estudada a possibilidade de uma "injeção de fundos de emergência" para evitar que a APC fique sem dinheiro.
Para ampliar as fontes de financiamento, Bremer afirmou que a APC vem negociando com autoridades iraquianas a abertura do país para investimentos estrangeiros. "Há 45 países que se comprometeram com o financiamento da reconstrução, o que não é pouco", afirmou Bremer.
O EUA vêm tendo dificuldade em convencer outros países a bancar projetos no Iraque. Os Estados que eram contrários à guerra, como a Alemanha e a França, não descartam a possibilidade de ter um papel mais ativo na reconstrução, mas exigem que uma nova resolução sobre o tema seja adotada pelo Conselho de Segurança da ONU. Sem ela, os EUA manteriam controle sobre o processo de reconstrução, relegando a ONU a um papel secundário.
Bremer admitiu que boa parte da conta da reconstrução será paga pelos contribuintes americanos. George W. Bush e sua equipe temem que isso gere problemas econômicos, minando suas chances de reeleição em 2004.
O português Ramiro Lopes da Silva, novo representante especial da ONU no Iraque, substituindo o brasileiro Sérgio Vieira de Mello (morto na semana passada), disse que o atentado à sede da entidade em Bagdá, que matou 23 pessoas, fará com que a presença americana no Iraque seja prolongada.
"Espero que os grupos que cometem essas ações saibam que os objetivos que eles perseguem ficam ainda mais distantes por conta de suas ações", disse.

Suspeita de abusos
Os militares americanos estão investigando denúncias de supostos abusos cometidos por quatro soldados dos EUA contra prisioneiros de guerra num acampamento situado na cidade de Umm Qasr (sul), em maio.


Com agências internacionais


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