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IRAQUE OCUPADO
Segundo subsecretário de Estado, ONU poderia patrocinar força multinacional, mas sob comando americano
EUA podem permitir maior atuação da ONU
DA REDAÇÃO
Richard Armitage, subsecretário de Estado dos EUA, admitiu
ontem, pela primeira vez, que
Washington estuda a possibilidade de permitir que uma força
multinacional patrocinada pela
ONU atue no Iraque. Mas ele salientou que o comando dessa força deveria ficar a cargo dos EUA.
"Trata-se de uma das hipóteses
que estamos examinando. Há
quem diga que uma decisão já foi
tomada, mas ainda estudamos o
tema", afirmou Armitage.
Especula-se que o Reino Unido,
o maior aliado dos EUA na Guerra do Iraque, esteja por trás da iniciativa, pois a coalizão anglo-americana vem sofrendo várias
baixas no país. O secretário-geral
da ONU, Kofi Annan, defendeu
essa hipótese na semana passada,
dizendo que a entidade deveria
ter sua missão ampliada.
A reconstrução do Iraque custará "várias dezenas de bilhões de
dólares", mas o país não está
imerso no caos, segundo disse o
chefe da Autoridade Provisória da
Coalizão (APC), Paul Bremer, ao
diário "The Washington Post".
Bremer afirmou que o dinheiro
será necessário para reconstruir a
infra-estrutura do Iraque e para
dar novo alento à sua economia,
que está em ruínas depois de mais
de uma década de sanções econômicas e da guerra contra a coalizão anglo-americana.
De acordo com Bremer, atender
a demanda iraquiana por eletricidade custará US$ 2 bilhões em 12
meses, enquanto a reconstrução
do sistema de distribuição de
água do país não custará menos
de US$ 16 bilhões -despendidos
em quatro anos.
Os calculos de Bremer foram revelados num momento em que o
Congresso dos EUA prevê um déficit orçamentário de US$ 480 bilhões para o ano fiscal de 2004. O
PIB do Brasil foi de cerca de US$
450 bilhões em 2002. E ganham
força, dentro e fora dos EUA, vozes críticas à ocupação do Iraque
-liderada por Washington.
Além dos custos relacionados à
reconstrução, os EUA gastam por
volta de US$ 4 bilhões por mês
com as forças que ocupam militarmente o Iraque.
Um funcionário do Departamento de Estado dos EUA -que
não quis ser identificado- disse
ao "Post" que a Casa Branca planeja persuadir o Congresso a
aprovar um "enorme" pacote de
gastos suplementares. Outros
funcionários do governo americano afirmaram ao jornal que
também é estudada a possibilidade de uma "injeção de fundos de
emergência" para evitar que a
APC fique sem dinheiro.
Para ampliar as fontes de financiamento, Bremer afirmou que a
APC vem negociando com autoridades iraquianas a abertura do
país para investimentos estrangeiros. "Há 45 países que se comprometeram com o financiamento da reconstrução, o que não é
pouco", afirmou Bremer.
O EUA vêm tendo dificuldade
em convencer outros países a
bancar projetos no Iraque. Os Estados que eram contrários à guerra, como a Alemanha e a França,
não descartam a possibilidade de
ter um papel mais ativo na reconstrução, mas exigem que uma
nova resolução sobre o tema seja
adotada pelo Conselho de Segurança da ONU. Sem ela, os EUA
manteriam controle sobre o processo de reconstrução, relegando
a ONU a um papel secundário.
Bremer admitiu que boa parte
da conta da reconstrução será paga pelos contribuintes americanos. George W. Bush e sua equipe
temem que isso gere problemas
econômicos, minando suas chances de reeleição em 2004.
O português Ramiro Lopes da
Silva, novo representante especial
da ONU no Iraque, substituindo o
brasileiro Sérgio Vieira de Mello
(morto na semana passada), disse
que o atentado à sede da entidade
em Bagdá, que matou 23 pessoas,
fará com que a presença americana no Iraque seja prolongada.
"Espero que os grupos que cometem essas ações saibam que os
objetivos que eles perseguem ficam ainda mais distantes por
conta de suas ações", disse.
Suspeita de abusos
Os militares americanos estão
investigando denúncias de supostos abusos cometidos por quatro
soldados dos EUA contra prisioneiros de guerra num acampamento situado na cidade de Umm
Qasr (sul), em maio.
Com agências internacionais
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