São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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Sem aceitação nem recursos, Abkházia e Ossétia do Sul são inviáveis como países

DA REDAÇÃO

O reconhecimento por Moscou da independência da Abkházia e da Ossétia do Sul esbarra na inviabilidade desses dois encraves como Estados reconhecidos e sustentáveis.
A Rússia quer devolver com a mesma moeda o reconhecimento há seis meses da independência de Kosovo, Província de sua aliada Sérvia, pelos Estados Unidos e outros 45 dos 192 países-membros da ONU.
Mas nenhum outro país sinalizou ontem que reconheceria a independência da Abkházia e da Ossétia do Sul. Moscou espera contar com aliados como Síria, Irã e Venezuela, mas a formalização desse apoio está condicionada a projetos econômicos ainda indefinidos.
"Ao contrário dos EUA, que encontraram apoio ao reconhecimento de Kosovo, ninguém seguirá Moscou", disse o analista russo Fiodor Loukianov ao "Monde".
De qualquer maneira, assim como Kosovo não obteve assento na ONU e funciona como um protetorado americano-europeu, a independência não deve mudar muita coisa para a Ossétia do Sul e a Abkházia. Os dois territórios continuarão na prática assimilados à Rússia. Pelo menos 90% dos abkházios e ossetianos têm passaporte russo -muitos votaram no pleito presidencial de março.
Analistas apostam que o objetivo da Rússia é integrar as duas regiões ao seu território -idéia respaldada pela maioria dos abkházios e ossetianos. Mas Moscou não se pronunciou sobre essa possibilidade, que equivaleria à anexação de parte do território georgiano.
As duas regiões usam principalmente a moeda russa (rublo) e carecem de recursos. Com seu litoral e clima ameno, a Abkházia atrai visitantes, mas não em número suficiente para viver de turismo. A região também tem produção agrícola -frutas e tabaco-, embora modesta. Já a Ossétia do Sul não produz quase nada e importa a maior parte dos bens que consome da Ossétia do Norte, na Rússia.


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