|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para Kennedy, guerra deve ser última opção
DA REDAÇÃO
A tentativa do presidente dos
EUA, George W. Bush, de conseguir uma resolução do Congresso
permitindo o uso da força contra
o Iraque ganhou mais um opositor de peso entre os democratas: o
senador Edward Kennedy. "Há
alternativas realistas entre nada
fazer e declarar unilateralmente
uma guerra imediata", disse o senador. "A guerra deve ser a última
alternativa, não a primeira."
Kennedy disse que Bush não
conseguiu justificar de modo consistente a necessidade de um ataque preventivo ao Iraque.
O Senado deve discutir uma resolução nesse sentido na semana
que vem. A Casa Branca tem expressado confiança de que ela será aprovada, apesar dos democratas, que são maioria na Casa, terem se mostrado céticos quanto
aos apelos do governo.
Para Kennedy, um ataque unilateral dos EUA poderia fragilizar
a posição política do país no
Oriente Médio e no mundo.
"As pessoas boas e decentes dos
dois lados desse debate estão todas comprometidas com a segurança nacional, mas podem ficar
de lados opostos em relação a essa
decisão (de atacar)", disse.
A frase de Kennedy foi uma referência óbvia, embora oblíqua,
aos confrontos verbais entre a Casa Branca e os líderes do Partido
Democrata no Congresso durante
esta semana.
As críticas a Kennedy não tardaram: o deputado Tom Delay, republicano do Texas, disse que o
argumento de Kennedy equivalia
a dar às Nações Unidas um "subcontrato" para tomar conta da segurança nacional dos EUA.
O senador democrata diverge
essencialmente de dois argumentos usados por Bush para justificar um ataque: um é o de que derrubar Saddam seria parte da campanha antiterrorista movida pelos
EUA; outro é o de que há inegáveis ligações entre Bagdá e a rede
terrorista Al Qaeda.
"Creio que uma ação contra o
Iraque que não contasse com um
sério apoio internacional fragilizaria nossos esforços em assegurar que os terroristas da Al Qaeda
nunca mais voltem a ameaçar vidas americanas de novo", disse.
Quanto aos laços entre Bagdá e
a Al Qaeda, Kennedy disse "não
há evidências convincentes das
relações dos iraquianos com a rede terrorista ou com o Taleban".
Jesse Jackson
O reverendo e ex-senador democrata Jesse Jackson atacou ontem as pretensões do presidente
George W. Bush de invadir o Iraque. Disse que a atitude poderia
motivar outros conflitos, como,
por exemplo, entre Índia e Paquistão e entre China e Taiwan.
Segundo o reverendo, que esteve ontem no Rio com a governadora Benedita da Silva, os EUA
"vão gastar muito dinheiro" com
a guerra. Esses recursos, disse, poderiam ser usados para abater
parte da dívida externa de países
pobres ou para alimentar pessoas
ou ainda combater a Aids.
"Uma guerra fará com que os
EUA percam sua autoridade moral e o seus valores", disse.
Para Jackson, o objetivo de depor Saddam Hussein só será atingido com a sua morte, o que "custará a vida de muitos inocentes".
A guerra contra o Iraque, afirmou, não atingirá o ponto central,
que é o combate ao terrorismo. Isso porque muitos integrantes da
rede terrorista Al Qaeda continuam soltos, alguns até mesmo
em território americano, disse.
Jackson afirmou que Bush fez
"uma grave ameaça" ao Senado
americano na semana passada, ao
dizer que quem está contra a
guerra está contra os EUA.
Com agências internacionais, "The New
York Times" e Sucursal do Rio
Texto Anterior: EUA só querem derrubar Saddam, diz Rumsfeld Próximo Texto: Visita polêmica Índice
|