São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

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GUERRA SEM LIMITES

Presidente paquistanês afirma que EUA não atingiram o terrorista ao bombardearem o Afeganistão

Bin Laden ainda está vivo, diz Musharraf

Desmond Boylan/Reuters
Guarda brinca com cão em colina de Cabul, capital afegã; para analistas, Bin Laden está protegido por escolta fortemente armada


DA REDAÇÃO

Relatórios da inteligência paquistanesa, baseados em interrogatórios de integrantes da Al Qaeda recentemente presos, indicam que Osama bin Laden ainda está vivo, embora em local ignorado.
É o que disse ontem em Haia, durante visita à Holanda, o presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf. Segundo ele, o terrorista responsável pelo 11 de Setembro não foi atingido pelos bombardeios que os EUA desencadearam em solo afegão.
O Paquistão é um dos aliados privilegiados da administração Bush em seu combate ao terrorismo islâmico. Teria matado ou prendido em três anos cerca de 500 militantes da Al Qaeda.
No entanto, dizem analistas em Washington, o regime de Musharraf, por não assegurar sua plena soberania em regiões que fazem fronteira com o Afeganistão, não conseguiu até agora se aproximar de Bin Laden, aparentemente protegido por uma escolta pesadamente armada e pela adesão de lideranças islâmicas locais.
"As evidências de que dispomos foram obtidas por meio de interrogatórios e de meios tecnológicos", disse Musharraf, referindo-se a Bin Laden, mas sem dar maiores esclarecimentos.
Ainda ontem, o comandante das forças ocidentais no Afeganistão, general David Barno, disse à Reuters que os maiores dirigentes da Al Qaeda foram capturados ou mortos naquele país, desde 2002, enquanto no Paquistão uma operação desencadeada em março "prendeu ou matou dezenas de dirigentes do grupo".
Segundo ele, sobreviventes da cúpula da Al Qaeda sentem-se em maior segurança quando escoltados em regiões remotas do Paquistão por combatentes árabes estrangeiros que recrutaram.
Musharraf deu ontem declarações nas quais comemorou a morte, no domingo, por suas forças de segurança, de Amjad Hussain Farooqi, por ele qualificado como "um dos principais auxiliares de Bin Laden no Paquistão".
Dois outros homens foram presos em companhia do terrorista. Eles estão sendo interrogados pela polícia paquistanesa.
Farooqi teria sido o responsável direto por uma das duas tentativas de assassinato que Musharraf sofreu no ano passado.
O vice-diretor da polícia paquistanesa, Fayyaz Leghari, disse que o terrorista teve sua importância revelada por Sheikh Omar, radical islâmico nascido no Reino Unido, envolvido na decapitação no Paquistão, em 2002, do jornalista americano Daniel Pearl.
Segundo Omar, ele teria chefiado o atentado no Paquistão contra o Sheraton Hotel, em maio de 2002, que matou 11 técnicos franceses. Teria sido também o idealizador de um atentado que falhou contra a embaixada americana, em março daquele ano.

Interrogatório em Paris
Ontem, em Paris, a Justiça interrogou um dos irmãos de Bin Laden, que negou ter tido contato com o líder terrorista nos últimos 20 anos. O interrogatório do juiz Renaud van Ruymbeke se deu em processo de indenização movido pelas vítimas do 11 de Setembro, que procuravam se informar sobre uma conta conjunta de Osama, o líder da Al Qaeda, com Yeslan, ontem ouvido.
Este disse, no entanto, que a conta, fechada em 1997, era uma das 54 pelas quais eram e são ainda feitas aplicações financeiras com a fortuna da família.

Com agências internacionais


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