São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

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SAÚDE

Ministério brasileiro diz que o produto entrou no país apenas para teste

Brasil recebeu sangue suspeito de ter vaca louca

ÉRICA FRAGA
DE LONDRES

O Brasil faz parte de uma lista de 11 países que, possivelmente, receberam do Reino Unido produtos derivados de sangue contaminados pelo mal de Creutzfeldt-Jakob, a variação humana da doença da vaca louca, informou, ontem, o jornal "The Times".
Depois de novas pesquisas e rastreamentos do sangue doado por nove pessoas infectadas, o governo britânico decidiu alertar cinco desses países, nas últimas semanas, sobre os riscos.
O Ministério da Saúde confirmou que o governo brasileiro foi um dos notificados sobre a suspeita de contaminação do produto Replenine VF 500, exportado pela empresa Bio Products Laboratory (BPL) em 1995.
O ministério informou ainda que o produto entrou no país apenas para teste com o objetivo de obter um pré-registro no órgão de vigilância sanitária. Não foi usado, portanto, em pacientes.
A mesma situação vale para os lotes de Vigam (imunoglobulina) de janeiro e março de 1997 e janeiro de 1998, também suspeitos de contaminação.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) foi informada extraoficialmente pelo representante da BPL que o produto foi importado pela própria empresa apenas para os testes.
Segundo João Paulo Baccara, coordenador da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados do ministério, o governo brasileiro comprou o produto da empresa a partir de 1999, depois da suspeita de contaminação.
O coordenador destacou que não existe risco de contaminação de sangue brasileiro e que as compras feitas da BPL após 1999 foram "com total segurança".
O governo britânico enviou cartas a 4.000 residentes no Reino Unido, nas últimas semanas, informando-os de que estão sujeitos a um risco maior de desenvolverem os sintomas da doença no futuro. Outras 2.000 pessoas ainda poderão receber as cartas. Todas elas foram receptores de derivados de plasma suspeito.
Tanto os derivados de sangue exportados como os usados no Reino Unido foram provenientes de doações de nove pessoas que desenvolveram mais tarde o mal de Creutzfeldt-Jakob.
Até hoje não há registro de paciente que tenha contraído o mal da vaca louca por transfusão.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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