|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ÁSIA
Em documento, partido diz que combate aos desvios é "questão de vida ou morte" para sua autoridade
PC chinês admite que corrupção mina seu poder
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
O Partido Comunista da China
reconheceu que a corrupção pode
colocar em risco sua própria sobrevivência no poder e colocou o
combate às irregularidades como
um dos principais pontos de sua
atuação no futuro, segundo documento aprovado na reunião do
Comitê Central, entre os dias 16 e
19 de setembro, divulgado ontem.
O combate à corrupção é uma
"questão de vida ou morte para o
partido", afirma o texto. O documento de 36 páginas faz um balanço dos 55 anos de história comunista na China e aponta os desafios que os dirigentes terão de
enfrentar no futuro.
"Quanto mais o partido ficar no
poder, mais árdua será a tarefa de
combater a corrupção e mais necessário será para o partido manter a guerra contra a corrupção e
reforçar sua capacidade para preveni-la", afirma o texto. "Esses
problemas vão minar a eficácia do
partido no governo. Eles têm de
receber grande atenção e ser resolvidos de maneira apropriada."
O texto ressalta que o regime
não sobreviverá "para sempre se
o partido não fizer nada para
mantê-lo".
"Não houve mudança na estratégia de forças hostis para impor a
ocidentalização e a divisão entre
nós", diz o parágrafo inicial do
documento, que tem como tema
o aperfeiçoamento da capacidade
dirigente do partido. "Nós ainda
enfrentamos pressão de países
desenvolvidos que têm vantagens
competitivas em aspectos econômicos e de desenvolvimento tecnológico em relação a nós."
Os dirigentes comunistas ressaltaram a necessidade de manutenção de altos índices de crescimento econômico e reafirmaram
o princípio do controle dos meios
de comunicação pelo Estado.
"O princípio de que o partido
controla a mídia deve ser mantido, para fortalecer a capacidade
de guiar a opinião pública", ressalta o documento. Ontem, completaram-se dez dias da prisão do
repórter assistente do "New York
Times" em Pequim, o chinês
Zhao Yan, sem que seu advogado
ou membros de sua família pudessem entrar em contato com
ele. Zhao foi detido no dia 17 sob a
acusação de revelar "segredo de
Estado" a estrangeiros, sem especificar qual. Ontem, os EUA protestaram formalmente.
A suposição mais forte é que a
acusação esteja relacionada à reportagem que o "New York Times" publicou no dia 7 de setembro, segundo a qual o ex-presidente Jiang Zemin iria renunciar
ao comando militar do país, o que
se confirmou no último dia da
reunião do Comitê Central.
"Zhao e seu advogado têm o direito de saber qual acusação está
sendo apresentada contra ele. Ele
deve ter a chance de se defender
contra as alegações, de uma maneira que mostre ao mundo que a
Justiça foi feita. Qualquer coisa
menos que isso não apenas violaria seus direitos fundamentais.
Também prejudicaria a imagem
internacional da China, em um
momento em que o mundo está
buscando sinais de progresso social", afirma editorial do jornal independente de Hong Kong
"South China Morning Post".
Texto Anterior: Saúde: Brasil recebeu sangue suspeito de ter vaca louca Próximo Texto: Panorâmica - Cocaína: EUA apreendem em barco 13,6 toneladas da droga Índice
|