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TRAGÉDIA NO CARIBE
ONU envia reforços para Gonaives
Falta de segurança complica o trabalho das forças de paz no Haiti
DA REDAÇÃO
Organizações de ajuda humanitária na cidade de Gonaives, a
mais atingida por enchentes no
Haiti, querem aumentar os pontos de distribuição de ajuda humanitária, mas pedem mais segurança. Mais 140 soldados da ONU
foram enviados à cidade.
Eles se juntaram aos outros 700
que já estão ajudando as vítimas
da região. O contingente da ONU
está no Haiti desde fevereiro, depois da crise que derrubou o presidente Jean-Bertrand Aristide.
Segundo a agência de notícias
Reuters, 1.650 pessoas morreram
e 800 estão desaparecidas devido
à passagem da tormenta Jeanne.
Os locais de distribuição de comida e água potável passaram de
dois para quatro, mas tumultos,
brigas e ataques a comboios têm
crescido nos últimos dias. "Não
podemos culpar as pessoas por
estarem desesperadas nesta situação", disse Anne Poulsen, porta-voz do World Food Programme.
O general brasileiro no comando das forças da ONU, Augusto
Heleno Ribeiro Pereira, afirmou
que, para dar conta do trabalho,
seria preciso mais que o dobro
dos 3.000 estrangeiros que estão
no país. Segundo ele, a polícia
também não está colaborando.
"Se tivéssemos ajuda da Polícia
Nacional, poderíamos aumentar
os pontos de distribuição."
"Hoje eu não vou para casa com
as mãos vazias", disse Nixon
Saint-Cyr, na fila para receber comida. "Ontem eu fui porque eles
estavam distribuindo apenas para
as mulheres. Mas, hoje, se eles fizerem isso de novo, eu vou conseguir de qualquer jeito."
A população sofre também com
diarréia, gangrenas e infecções.
Feridos procuram ajuda, mas os
grupos médicos não são suficientes. Amputações e cesarianas são
realizadas quase sem anestesia.
Muitas operações são feitas no
chão, em meio à lama.
O premiê Gérard Latortue estuda a hipótese de retirar temporariamente as pessoas de partes da
cidade. "Estudamos a idéia de retirar as pessoas, por bairros, para
desinfetar as casas. Vamos tentar
reduzir o risco de epidemias."
A tragédia foi lembrada ontem
na reunião anual da Organização
Panamericana da Saúde. "Precisamos de uma ação efetiva, rápida
e urgente. Não podemos ignorar o
sofrimento dessa gente", disse o
secretário-geral da Organização
dos Estados Americanos (OEA),
Miguel Angel Rodríguez.
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