São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

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TRAGÉDIA NO CARIBE

ONU envia reforços para Gonaives

Falta de segurança complica o trabalho das forças de paz no Haiti

DA REDAÇÃO

Organizações de ajuda humanitária na cidade de Gonaives, a mais atingida por enchentes no Haiti, querem aumentar os pontos de distribuição de ajuda humanitária, mas pedem mais segurança. Mais 140 soldados da ONU foram enviados à cidade. Eles se juntaram aos outros 700 que já estão ajudando as vítimas da região. O contingente da ONU está no Haiti desde fevereiro, depois da crise que derrubou o presidente Jean-Bertrand Aristide. Segundo a agência de notícias Reuters, 1.650 pessoas morreram e 800 estão desaparecidas devido à passagem da tormenta Jeanne. Os locais de distribuição de comida e água potável passaram de dois para quatro, mas tumultos, brigas e ataques a comboios têm crescido nos últimos dias. "Não podemos culpar as pessoas por estarem desesperadas nesta situação", disse Anne Poulsen, porta-voz do World Food Programme. O general brasileiro no comando das forças da ONU, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, afirmou que, para dar conta do trabalho, seria preciso mais que o dobro dos 3.000 estrangeiros que estão no país. Segundo ele, a polícia também não está colaborando. "Se tivéssemos ajuda da Polícia Nacional, poderíamos aumentar os pontos de distribuição." "Hoje eu não vou para casa com as mãos vazias", disse Nixon Saint-Cyr, na fila para receber comida. "Ontem eu fui porque eles estavam distribuindo apenas para as mulheres. Mas, hoje, se eles fizerem isso de novo, eu vou conseguir de qualquer jeito." A população sofre também com diarréia, gangrenas e infecções. Feridos procuram ajuda, mas os grupos médicos não são suficientes. Amputações e cesarianas são realizadas quase sem anestesia. Muitas operações são feitas no chão, em meio à lama. O premiê Gérard Latortue estuda a hipótese de retirar temporariamente as pessoas de partes da cidade. "Estudamos a idéia de retirar as pessoas, por bairros, para desinfetar as casas. Vamos tentar reduzir o risco de epidemias." A tragédia foi lembrada ontem na reunião anual da Organização Panamericana da Saúde. "Precisamos de uma ação efetiva, rápida e urgente. Não podemos ignorar o sofrimento dessa gente", disse o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Miguel Angel Rodríguez.

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