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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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Cruz Vermelha estuda reduzir pessoal no país

DO "INDEPENDENT"

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou ontem a intenção de reduzir suas operações no Iraque após o atentado contra sua sede em Bagdá.
Outras entidades assistenciais já reduziram seu pessoal no país por causa da violência. A ONU reduziu sensivelmente sua equipe no Iraque desde o ataque contra sua sede em Bagdá, em agosto.
Embora nenhuma decisão tenha sido tomada, representantes do CICV em Genebra disseram que o ataque obrigou a organização a realizar uma revisão geral de sua operação no Iraque.
"Esse ataque foi um golpe muito sério contra nossa organização", disse um porta-voz do CICV, Florian Westphal. "Foi um choque enorme. É impossível continuarmos trabalhando normalmente. Somos obrigados a parar e avaliar a situação. Ainda é cedo para dizer que impacto esse atentado terá sobre nossas atividades."
Alguns representantes disseram acreditar que a organização, que tem no país 39 funcionários estrangeiros e mais de 700 iraquianos, não foi alvejada por acaso. "Estamos convencidos de que fomos alvejados como instituição", disse o chefe do escritório do CICV em Bagdá, Pierre Gassmann. "Precisamos refletir sobre as implicações do ataque."
Gassmann disse que a organização não vai pedir mais proteção militar aos EUA, justamente para distinguir-se das forças de ocupação. ""Buscar essa proteção não é uma opção. Se militarizarmos a Cruz Vermelha, as pessoas terão muita dificuldade para obter nossa ajuda", disse ele.
O movimento que resultou na CV foi criado no final do século 19 para cuidar de vítimas nos campos de batalha de forma neutra. Depois, a CV passou a cuidar da prevenção e tratamento de problemas humanitários em geral.
O atentado contra o CICV, que vinha cooperando com o Crescente Vermelho -a versão da CV em países muçulmanos- local em projetos que incluem campanhas educativas sobre minas terrestres e o fornecimento de água e equipamentos sanitários, provocou uma onda de choque que se espalhou pela comunidade assistencial, realçando o perigo enfrentado no Iraque. Outras associações humanitárias, já assustadas desde o ataque contra a ONU, estão reduzindo suas operações.
O grupo humanitário Médicos sem Fronteiras, sediado em Paris, anunciou que vai reduzir sua equipe atual de sete médicos estrangeiros em Bagdá. Segundo o grupo, ao atingir a CV os responsáveis pelo ataque "voltaram seus explosivos contra o coração simbólico da assistência neutra".


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