|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bush infla balanço de guerra ao terror
DA REDAÇÃO
O presidente George W. Bush
tem inflado, durante a campanha
eleitoral, o balanço da guerra
aberta de seu governo contra a rede terrorista Al Qaeda, de Osama
bin Laden, de acordo com especialistas em terrorismo internacional consultados pela Folha.
No debate de 13 de outubro último, Bush reiterou que sua administração já tinha matado ou capturado 75% dos líderes da rede
terrorista responsável pelo 11 de
Setembro. Cerca de 3.000 pessoas
morreram nos ataques ao World
Trade Center e ao Pentágono.
"Bush utiliza os números mais
convenientes para seus propósitos eleitorais atuais. Se o que conta é a liderança da Al Qaeda à época dos atentados, em 2001, é possível que ele tenha razão. E, ainda
assim, não posso afirmar isso
com certeza porque nenhum analista ocidental conhece realmente
o organograma da estrutura de
comando da Al Qaeda", avaliou
Olivier Roy, autor de "Réseaux Islamiques" (redes islâmicas).
"Por outro lado, se ele se refere à
atualidade ou mesmo ao ano passado, sua declaração não corresponde à realidade. Afinal, por
conta do caráter fluido da rede,
que é composta por células quase
autônomas, ela é capaz de reestruturar-se num curto espaço de
tempo. Com isso, seus dirigentes
presos ou mortos são rapidamente substituídos por outras pessoas", acrescentou o pesquisador.
Vale ressaltar, todavia, que alguns dos principais líderes da rede foram capturados ou mortos
pelas forças americanas. Ramzi
Ben al Shaiba, um dos supostos
coordenadores do 11 de Setembro, e o terceiro na cadeia de comando da organização, Khalid
Sheik Mohammed, estão entre os
altos dirigentes da Al Qaeda que
estão nas mãos dos americanos.
Se não foram mortas, no Afeganistão, em algum bombardeio e
não ficaram enterradas sob toneladas de escombros em alguma
caverna erma nas montanhas afegãs, contudo, as figuras de ponta
da Al Qaeda, Bin Laden e seu braço direito -Ayman al Zawahiri-, permanecem em liberdade.
"A guerra ao terror deve ser algo
dinâmico, já que as redes ilegais
contam com sua agilidade para
despistar as forças que as perseguem. Na prática, a Al Qaeda
nunca ficará sem líderes ativos
enquanto existir", analisou Magnus Ranstorp, diretor do Centro
de Estudos sobre Terrorismo e
Violência Política da Universidade de St. Andrews (Reino Unido).
"Ademais, seu estilo de comando, que já era bastante fragmentado antes dos atentados nos EUA,
tornou-se ainda mais frouxo por
conta da guerra ao terror. Finalmente, deve-se salientar que a
Guerra do Iraque contribuiu para
aumentar a atratividade da Al
Qaeda entre os extremistas islâmicos, facilitando seus esforços
de recrutamento", completou.
Washington mantém por volta
de 18 mil militares no sul e no leste
do Afeganistão para combater
membros da Al Qaeda.
(MÁRCIO SENNE DE MORAES)
Texto Anterior: Presidente é favorito nas apostas em Bolsas Próximo Texto: EUA não praticam o que pregam, afirma Anistia Índice
|