São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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ENTREVISTA

"Governador ganha força para suceder Kirchner"

CLAUDIA ANTUNES
ENVIADA ESPECIAL A CAXAMBU (MG)

Néstor Kirchner era exímio estrategista. Sem ele, a presidente Cristina terá dificuldades de manter a centralização que foi marca dos governos do casal, diz o historiador argentino Carlos Altamirano, professor da Universidade de Quilmes e autor de "Peronismo e a Cultura de Esquerda".

 

Folha - Qual o impacto político da morte de Kirchner?
Carlos Altamirano -
Haverá incerteza não apenas para o governo, mas também para a oposição. Dependerá de todos que o processo até a eleição de 2011 ocorra na normalidade. Kirchner era a principal figura política da Argentina e do peronismo, que é a força dominante no país.
Sem Kirchner, uma possibilidade é que o atual governador da Província de Buenos Aires, Daniel Scioli, passe a ser o candidato preferido, não sei se por todo o governismo, mas para boa parte dele. Scioli teria a vantagem de poder unificar a maioria do peronismo, e com boa chance de vitória.

Havia certeza de que Kirchner iria concorrer?
Todos davam como certo que ele seria candidato da frente kirchnerista, que incluía uma parte do peronismo e uma constelação de forças que via a possibilidade de reformas mais ou menos radicais. Do outro lado, estava o peronismo opositor pela direita. A outra possibilidade é que Cristina se candidate à reeleição.

Cristina poderá manter a tendência de governar com centralização sem Kirchner?
Me parece difícil, porque já era complicado para Kirchner manter essa situação. Todos coincidem em que de fato a cabeça política do casal era Kirchner. Era uma pessoa muito audaz, com movimentos táticos que frequentemente surpreendiam os opositores.
Não era um homem com grande visão estratégica sobre o país, mas era uma cabeça política, com um sentido do poder enorme. Cristina não tem essa habilidade.

Kirchner era popular?
Não como Lula, mas tinha uma relação com setores populares agradecidos por políticas que melhoraram a situação de uma parte dos trabalhadores e dos aposentados mais pobres.
Parte da classe média acha que a esquerda possível no país é o kirchnerismo.

FOLHA.com
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folha.com.br/mu821349


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