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TERROR
Controverso ex-secretário de Estado vai liderar comissão independente que examinará os atentados; "não aceitarei restrições", diz
Bush põe Kissinger para investigar o 11 de setembro
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, assinou ontem uma lei
que cria uma comissão independente para investigar os atentados
terroristas de 11 de setembro de
2001 e nomeou o ex-secretário de
Estado Henry Kissinger (1973-1977) para chefiá-la.
"Essa comissão nos ajudará a
entender os métodos dos inimigos da América e a natureza das
ameaças que enfrentamos", declarou Bush durante a cerimônia
organizada para celebrar a assinatura do texto. Deputados, sobreviventes dos atentados e familiares das cerca de 3.000 vítimas
também participaram do evento.
"Essa comissão deverá examinar todas as pistas com cuidado e
elucidar todos os fatos. Deveremos descobrir todos os detalhes e
aprender todas as lições da tragédia de 11 de setembro", acrescentou o presidente.
"Kissinger fará uso de toda a sua
experiência, de sua clareza de
pensamento e de seu julgamento
cuidadoso nessa tarefa. Devemos
ficar contentes por ele ter voltado
ao serviço público."
Kissinger, por sua vez, prometeu que a comissão irá "aonde os
fatos a levarem". "Não haverá restrições a nosso trabalho, pois não
aceitaremos nenhuma restrição",
afirmou o ex-secretário.
"Não se trata de uma questão
que diz respeito a Nova York exclusivamente. Trata-se de um
problema de toda a América",
acrescentou Kissinger, que conversou com familiares das vítimas
dos atentados de 11 de setembro
antes de dar entrevistas. Ele viveu
vários anos em Nova York.
"No que se refere aos familiares
das vítimas dos atentados, nada
poderá ser feito a respeito das perdas que eles sofreram, mas deveremos fazer o que estiver a nosso
alcance para evitar que outras tragédias ocorram", disse.
Kissinger, 79, que nasceu na
Alemanha, foi um dos diplomatas
mais célebres do século passado,
mas ainda é uma figura controversa. Ele foi secretário de Estado
durante os governos de Richard
Nixon e de Gerald Ford. Recebeu
o Nobel da Paz em 1973 -ao lado
do norte-vietnamita Le Duc
Tho- devido às negociações de
paz na Guerra do Vietnã.
Mas, segundo seus críticos, ele é
um criminoso de guerra por causa de seu papel na Guerra do Vietnã e em outras zonas de conflito
mundiais, pois, em algumas
oportunidades, trabalhou ao lado
de governos corruptos para defender os interesses americanos.
O juiz espanhol Baltazar Garzón,
o mesmo do caso do general Augusto Pinochet, tentou interrogá-lo, mas foi impedido pela diplomacia americana.
Em seu ensaio "O Caso contra
Henry Kissinger", o escritor britânico Christopher Hitchens argumenta que o ex-secretário foi responsável por crimes diversos durante a Guerra do Vietnã, a queda
do regime de Salvador Allende no
Chile, a invasão de Chipre pelo
governo turco e a invasão de Timor Leste pelo regime indonésio
do ex-ditador Suharto.
Mandato amplo
A comissão tem um mandato
bastante amplo, devendo utilizar
dados já descobertos pelas comissões de investigação do Senado e
da Câmara. Ela terá 18 meses para
estudar assuntos ligados à aviação
civil e ao controle das fronteiras,
além de examinar os serviços de
inteligência americanos -que foram criticados após os ataques.
Bush não afirmou que a comissão deverá descobrir erros cometidos pelas agências do governo.
Em vez disso, ele disse que ela deverá ajudar a administração a entender as táticas e as motivações
dos terroristas.
Com agências internacionais
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