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AMÉRICA LATINA
Deputados fazem maratona de votação
Congresso da Argentina vota o calendário da eleição presidencial
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
Os deputados argentinos iniciaram, na noite de ontem, uma maratona para votar todos os projetos pendentes no Congresso. Na
madrugada de hoje, deveria ser
aprovado inclusive o cronograma
eleitoral: a eleição presidencial
ocorreria em 27 de abril e, caso
necessário, o segundo turno seria
em 18 de maio.
Os congressistas também aprovariam a renúncia antecipada do
presidente Eduardo Duhalde, que
deixaria o cargo em 25 de maio.
Além do cronograma eleitoral,
a oposição e o governo também
fizeram um acordo para votar
mais de 20 projetos que estavam
emperrados no Congresso.
O governo esperava conseguir
votar todos os projetos até amanhã, superando parte da crise que
o país enfrenta nos últimos meses. Duhalde -membro do PJ
(Partido Justicialista)- conseguiu o apoio da UCR (União Cívica Radical) depois de concordar
em assinar um decreto que, de alguma forma, protege os argentinos com dívidas em bancos.
O decreto garantiria aos devedores um prazo adicional de 30
dias para negociar, com a assistência de um juiz, as dívidas com
os bancos. Em troca, os parlamentares da UCR aceitariam votar todos os projetos emperrados.
Vitória de Duhalde
O acordo com a UCR é mais
uma vitória do presidente em sua
batalha política contra o seu
maior rival dentro do próprio PJ,
o ex-presidente Carlos Menem
(1989-1999), que é um dos pré-candidatos à Presidência.
Os menemistas acusam Duhalde de travar as eleições internas
do PJ para tentar impedir que Menem saia vitorioso e represente o
partido nas eleições presidenciais.
Duhalde conseguiu adiar as datas
das eleições internas do partido,
que deveriam ocorrer em dezembro, para o próximo ano.
Num acordo assinado na semana passada pelos governadores de
20 das 24 Províncias argentinas, o
presidente conseguiu ainda adiar
as datas das eleições presidenciais, que estavam marcadas para
março de 2003. O pacto foi uma
resposta à resistência do FMI em
fechar um acordo com o país. O
Fundo dizia que havia muita incerteza política na Argentina.
Todos os pontos do acordo deverão ser aprovados. A primeira
tentativa de votá-los, na semana
passada, falhou porque a oposição exigia uma solução para a
execução das dívidas com os bancos. A solução surgiu ontem,
quando Duhalde concordou em
assinar o decreto sobre o tema.
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