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ORIENTE MÉDIO
Levante é um erro, diz Abbas; Sharon deve vencer primárias do Likud hoje e eleições palestinas podem ser adiadas
Número 2 de Arafat pede fim da Intifada
DA REDAÇÃO
A Intifada é um erro e deve ser
suspensa, afirmou ontem o número dois da ANP (Autoridade
Nacional Palestina), Mahmoud
Abbas, 67, em uma das mais duras críticas palestinas ao levante
contra a ocupação israelense.
"Deveríamos rever os erros que
cometemos", disse Abbas, também conhecido como Abu Mazen, tido como um possível sucessor de Iasser Arafat na Presidência da ANP. "O que aconteceu
nestes dois anos, visto agora, é
uma completa destruição de tudo
o que construímos", acrescentou.
"A razão de isso estar acontecendo é que muitas pessoas desviaram a Intifada de seu caminho
natural e a transformaram em algo que não conseguimos controlar, no qual são utilizadas armas
como morteiros e granadas". Para
Abbas, a Intifada deveria ser uma
revolta popular pacífica contra a
ocupação israelense, mas os choques já mataram ao menos 1.681
palestinos e 662 israelenses desde
setembro de 2000.
As declarações foram feitas no
mês passado em encontro do Fatah, facção política de Arafat que
controla a ANP, e divulgadas ontem pela agência de notícias Associated Press, pelo diário árabe publicado em Londres "Al Hayat" e
pelo jornal palestino "Al Quds".
Membros do círculo mais próximo de Arafat têm criticado os
grupos extremistas que realizam
ataques terroristas, como o Hamas, o Jihad Islâmico e até mesmo as Brigadas dos Mártires de Al
Aqsa, ligadas ao Fatah. Porém
Abbas é o primeiro a tornar públicas as declarações.
Além das mortes, a Intifada
provocou outros reflexos negativos na vida dos palestinos. A economia está em ruínas, muitos
perderam seus empregos em Israel, é quase impossível ir de uma
cidade a outra e os serviços públicos e a manutenção da ordem estão em colapso.
O apoio à Intifada também está
em queda entre os palestinos. Segundo pesquisa recente, 39% são
favoráveis ao levante. Em março,
eram 66%. Outra pesquisa, divulgada anteontem, mostrou que
54% na Cisjordânia e 39% em Gaza consideram que os atentados
contra civis israelenses não têm
efeito algum ou têm efeito negativo à causa palestina.
Eleições
As eleições palestinas, marcadas
para 20 de janeiro, podem ser
adiadas devido à ocupação israelense nas principais cidades da
Cisjordânia, disse ontem Ahmed
Qurei, presidente do Conselho
Legislativo Palestino.
EUA e Israel exigem a realização
das eleições, pois a consideram
parte de reforma necessária para a
criação de um Estado palestino.
O premiê de Israel, Ariel Sharon, deve ser reeleito líder do Likud (partido conservador) em
primárias que serão realizadas
hoje. Segundo pesquisa no diário
"Haaretz", o premiê tem 61% das
intenções de voto, contra 37% de
seu principal rival, o ex-primeiro-ministro e atual chanceler, Binyamin "Bibi" Netanyahu.
Quem vencer a primária do Likud amanhã será o premiê de Israel em caso de vitória do partido
nas eleições parlamentares de 28
de janeiro. O Likud é favorito.
Na faixa de Gaza, um carro-bomba que visava alvos israelenses explodiu, matando o motorista. Dois palestinos morreram em
choques na Cisjordânia, um em
Belém e o outro em Nablus.
Com agências internacionais
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