São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Levante é um erro, diz Abbas; Sharon deve vencer primárias do Likud hoje e eleições palestinas podem ser adiadas

Número 2 de Arafat pede fim da Intifada

DA REDAÇÃO

A Intifada é um erro e deve ser suspensa, afirmou ontem o número dois da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, 67, em uma das mais duras críticas palestinas ao levante contra a ocupação israelense.
"Deveríamos rever os erros que cometemos", disse Abbas, também conhecido como Abu Mazen, tido como um possível sucessor de Iasser Arafat na Presidência da ANP. "O que aconteceu nestes dois anos, visto agora, é uma completa destruição de tudo o que construímos", acrescentou.
"A razão de isso estar acontecendo é que muitas pessoas desviaram a Intifada de seu caminho natural e a transformaram em algo que não conseguimos controlar, no qual são utilizadas armas como morteiros e granadas". Para Abbas, a Intifada deveria ser uma revolta popular pacífica contra a ocupação israelense, mas os choques já mataram ao menos 1.681 palestinos e 662 israelenses desde setembro de 2000.
As declarações foram feitas no mês passado em encontro do Fatah, facção política de Arafat que controla a ANP, e divulgadas ontem pela agência de notícias Associated Press, pelo diário árabe publicado em Londres "Al Hayat" e pelo jornal palestino "Al Quds".
Membros do círculo mais próximo de Arafat têm criticado os grupos extremistas que realizam ataques terroristas, como o Hamas, o Jihad Islâmico e até mesmo as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligadas ao Fatah. Porém Abbas é o primeiro a tornar públicas as declarações.
Além das mortes, a Intifada provocou outros reflexos negativos na vida dos palestinos. A economia está em ruínas, muitos perderam seus empregos em Israel, é quase impossível ir de uma cidade a outra e os serviços públicos e a manutenção da ordem estão em colapso.
O apoio à Intifada também está em queda entre os palestinos. Segundo pesquisa recente, 39% são favoráveis ao levante. Em março, eram 66%. Outra pesquisa, divulgada anteontem, mostrou que 54% na Cisjordânia e 39% em Gaza consideram que os atentados contra civis israelenses não têm efeito algum ou têm efeito negativo à causa palestina.

Eleições
As eleições palestinas, marcadas para 20 de janeiro, podem ser adiadas devido à ocupação israelense nas principais cidades da Cisjordânia, disse ontem Ahmed Qurei, presidente do Conselho Legislativo Palestino.
EUA e Israel exigem a realização das eleições, pois a consideram parte de reforma necessária para a criação de um Estado palestino.
O premiê de Israel, Ariel Sharon, deve ser reeleito líder do Likud (partido conservador) em primárias que serão realizadas hoje. Segundo pesquisa no diário "Haaretz", o premiê tem 61% das intenções de voto, contra 37% de seu principal rival, o ex-primeiro-ministro e atual chanceler, Binyamin "Bibi" Netanyahu.
Quem vencer a primária do Likud amanhã será o premiê de Israel em caso de vitória do partido nas eleições parlamentares de 28 de janeiro. O Likud é favorito.
Na faixa de Gaza, um carro-bomba que visava alvos israelenses explodiu, matando o motorista. Dois palestinos morreram em choques na Cisjordânia, um em Belém e o outro em Nablus.


Com agências internacionais


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