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Unasul também racha sobre eleição sob golpistas
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A QUITO
O chanceler brasileiro, Celso
Amorim, afirmou ontem em
Quito que a divisão dos países
americanos a respeito do reconhecimento das eleições em
Honduras "enfraquece" a OEA
(Organização dos Estados
Americanos) e fortalece o organismo sul-americano. Mas a visão não contemplava a realidade de racha da própria Unasul:
o chanceler do Peru, José Antonio García Belaúnde, reiterou
que Lima reconhecerá a eleição
"se tudo correr bem", posição
compartilhada pela Colômbia.
As afirmações foram feitas
durante a cúpula extraordinária de chanceleres do órgão,
que ocorreu ontem em Quito.
A questão divide o continente para além da Unasul. Chama
a atenção um silêncio eloquente -o do México, que diz não
ter escolhido o seu bloco: o de
alinhamento aos EUA, que inclui Peru, Colômbia, Panamá e
Costa Rica, que também reconhecerão a eleição "caso tudo
corra bem"; e a aliança de Brasil, Chile, Venezuela, Argentina, Uruguai, Bolívia, e Nicarágua, para a qual reconhecer a
votação sob os golpistas é um
mau precedente para a região.
Os EUA divulgaram nota ontem em apoio à eleição e exortando o vencedor a dar continuidade às análises sobre a volta de Zelaya até o fim do mandato, como previsto em acordos. "Desejamos o melhor ao
povo hondurenho na escolha
de seus novos líderes e pedimos
a todos que exerçam seus direitos pacificamente", diz o texto.
Na terça, a chanceler mexicana, Patricia Espinosa, disse que
não se pronunciaria.
A hesitação do país já marca
pontos para o bloco dos EUA,
pois todos os chanceleres da região, à exceção do americano,
reunidos na reunião preparatória da Calc (Cúpula América
Latina e Caribe), que abriga o
Grupo do Rio ampliado, já disseram que se oporiam à eleição.
Amorim, questionado pela
Folha sobre o México, afirmou:
"Não ouvi o silêncio do México.
O México é o presidente do
Grupo do Rio, que tem uma posição muito clara sobre isso.
Mas cada um faz o que quiser".
O México tem outro desconforto: sediará a segunda Calc,
em fevereiro -a primeira foi na
Bahia, em 2008. Se resolver reconhecer o pleito, a chamada
"OEA do B" sofre sério revés.
Ainda ontem, o presidente da
Costa Rica, Oscar Árias, pediu o
reconhecimento das eleições.
Embora sustentem que não
reconhecer a eleição permitiria
um perigoso precedente, diplomatas brasileiros admitem que
a situação é de difícil solução.
O outro caso de silêncio é de
El Salvador, vizinho de Honduras. O esquerdista Mauricio
Funes, amigo do presidente
brasileiro, decidiu que ainda
não era hora de se pronunciar.
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