|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
De emergência em emergência, doentes se resignam
DA ENVIADA A PORTO PRÍNCIPE
Trinta estreitas estruturas
de madeira se enfileiram na
tenda branca sob o sol forte.
Não há barulho ou conversa.
Os doentes sobre elas olham
para o lado ou o teto.
"Estou fraca", diz Ester
Amecia, 15, que parece mais
entediada que doente. Há
dois dias ela se trata de cólera
no centro de emergência da
ONG Médicos Sem Fronteiras, na megafavela de Cité
Soleil, em Porto Príncipe.
Amecia comeu um pedaço
de milho, que um amigo
trouxe. É a sua hipótese para
ter contraído cólera, que voltou ao Haiti em outubro após
mais de 50 anos sem que se
registrasse nenhum caso. A
epidemia já matou mais de
1.600 pessoas no país.
O coordenador da ONU para ajuda humanitária no Haiti, Nigel Fisher, afirma que há
entre 60 mil e 70 mil infectados -mais do que os 50 mil
reportados pelo governo.
O centro de emergência foi
construído em dois dias, na
semana passada, em resposta à chegada do surto à capital haitiana -são oito ao todo
na megafavela, cada um com
266 camas.
Há esmero da estrutura
temporária. As entradas tem
controles sanitários, todos
lavam mãos e pés com água
clorada. O ambiente inteiro
de um branco ofuscante.
Mas os doentes, feridos e
expostos, não deixam esquecer, que a degradação é anterior ao surto, e que eles vêm
de emergência em emergência há tempos .
Desimène Flerrestil apenas se mudou temporariamente da tenda onde vive
com oito pessoas desde o terremoto de janeiro para a tenda maior da MSF. Sua filha
Adelène Charles, 11, está com
suspeita de cólera.
"É, foi um ano difícil", diz,
com meio sorriso. Ela não trabalha, afirma que está doente. Tampouco o marido. Os filhos são pequenos. A comida
vem de amigos "que moram
mais longe" ou o que consegue -"banana, arroz".
A esperar que a nova emergência acabe.
Texto Anterior: Governista defende volta de líder deposto Próximo Texto: Pyongyang alerta para manobras de EUA e Seul Índice | Comunicar Erros
|