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CONFLITO URBANO
Capital argentina prepara pacote contra atitudes 'problemáticas', o que inclui taxas para donos de cães
Buenos Aires endurece 'normas sociais'
LÉO GERCHMANN
de Buenos Aires
Quem quiser ter um cachorro de
estimação em Buenos Aires, a partir do ano que vem, terá de pagar
uma taxa de US$ 20 anuais. Não
pagando, o contribuinte terá de
desembolsar entre US$ 50 e US$
500 em multas.
Essa não é a única medida polêmica que a municipalidade portenha está tomando na tentativa de
regular o comportamento das pessoas em função de atitudes consideradas "problemáticas" para a
convivência social.
Há outras, que estão sendo preparadas em conjunto pela Aliança
UCR-Frepaso (de oposição em nível nacional e situação na capital
argentina) e pelo Partido Justicialista (peronista).
Elas vão da utilização de disfarce
para mendigar até apertar a campainha alheia durante a noite, passando pela bolinação de mulheres
e pelos rachas automobilísticos
nas ruas e avenidas portenhas.
O fato de as duas principais forças partidárias do país estarem trabalhando em conjunto torna a
adoção da nova legislação uma
questão de tempo.
A estimativa é de que o código
tenha 200 artigos regulamentando
a convivência entre os portenhos.
Além das medidas polêmicas, serão estabelecidas multas para
quem foge do restaurante sem pagar a conta, quem aumenta uma
viagem de táxi para cobrar mais
caro, quem falsifica peso de produtos para levar vantagem na hora
de vendê-los e quem vende alimentos em mau estado.
As penas serão fixadas pelos juízes de acordo com as possibilidades financeiras do acusado e, é claro, da gravidade representada pelo
ato praticado. As sanções deverão
ter função não apenas punitiva,
mas também educativa.
A previsão é de que o número de
juízes em Buenos Aires (atualmente são 27) terá de dobrar para
que sejam atendidas todas as demandas provocadas pelo código.
O código vai diferenciar por escrito o que é contravenção -que
não chega a ser um crime e por isso
tem legislação própria- do que é
simplesmente uma conduta que
dificulta a convivência, algo em
grau menor.
A tramitação dos processos deverá ser parecida com a dos juizados de pequenas causas brasileiros. Será concedido o direito de
apenas um recurso ao apelante.
Os atos serão graduados de um a
dez. Os leves vão de um a quatro.
Os médios vão até sete. Os graves
serão os de sete em diante.
Na verdade, além da polêmica
que estabelece em alguns aspectos,
o código serve para atualizar a legislação, procurando dar-lhe uma
conotação moral diferente. A
prostituição feminina e masculina
(incluindo os travestis), a vadiagem e a embriaguez, por exemplo,
deixarão de ser contravenções penais.
As penas serão de multa, imposição de trabalhos comunitários,
curso sobre um tema determinado, retirada de carteira de habilitação e até psicoterapia.
As mais graves deverão incidir
sobre o jogo clandestino, a venda
de alimentos em mau estado e as
contravenções de trânsito, como a
de ultrapassar o sinal vermelho a
mais de 20 km por hora, fazer racha ou dirigir bêbado.
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