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Fiscalização vai controlar coleta de fezes de cachorros
de Buenos Aires
Os portenhos donos de cachorros, além de pagar taxas a partir de
98, terão de acoplar um microchip
na coleira, no qual estarão registrados o estado de saúde, a matrícula e o nome do responsável, para
a identificação dos animais.
Haverá fiscalização especializada
para flagrar quem utiliza ou não o
sistema computadorizado de coleta de fezes.
Serão distribuídos 3.000 sacos
plásticos pela cidade, colocados
dentro de depósitos que o usuário
abrirá com cartões nos quais haverá a identificação do cão. Para a fiscalização, os inspetores serão
equipados com pistolas identificadoras. Terá acesso ao cartão quem
pagar a taxa anual de US$ 20.
Haverá a abertura de licitação
nacional e internacional para se
estabelecer a empresa que elaborará o novo sistema computadorizado. Uma licitação nacional estabelecerá a empresa que distribuirá os
sacos plásticos pela cidade.
As taxas e multas servirão para
sustentar o sistema. Estarão livres
desses encargos os cães do policiamento, os que servem como guia e
os de aposentados.
Os "passeadores de cachorro",
uma espécie de babá canina muito
comum em Buenos Aires, terão de
pagar matrículas que oscilarão entre US$ 200 e US$ 400.
Para esses profissionais, que costumam conduzir até cerca de oito
ou nove cães ao mesmo tempo, as
multas deverão ser mais altas do
que as cobradas dos donos de cachorros.
Enquanto os donos pagarão entre US$ 50 e US$ 500, os "passeadores" terão de desembolsar entre
US$ 120 e US$ 1.200.
Saúde pública
A previsão é de que todo o sistema seja adotado dentro de nove
meses. Segundo dados da Intendência (Prefeitura) de Buenos Aires, 47% dos donos de cachorros
utilizam o passeio público para os
seus animais expelirem suas fezes.
O principal problema identificado pela saúde pública é que as fezes
dos cães podem transmitir doenças.
Para dar um caráter de saúde pública e evitar a idéia de que há uma
perseguição a cães em Buenos Aires, as explicações da administração municipal mostram também
que os microchips a serem colocados nas coleiras servirão também
para o caso de eles se perderem.
Reação irada
As alterações legais que se desenham para a vida dos cachorros
portenhos deverão ser combatidas
com unhas e dentes por seus donos. A Folha entrevistou 13 donos
de cachorros no Jardim Botânico.
De 9 deles ouviu que a medida não
será cumprida.
A expectativa de sonegação corresponde, por exemplo, às estimativas feitas pelos zeladores Roberto
Quinones, 47, e Beatriz Ripoll, 46,
casados e auto-intitulados "pais"
da cadela pastor alemão Anni.
"Eu tenho certeza de que 80%
das pessoas não vão pagar essa taxa. É um absurdo. Na época do Alfonsín (o ex-presidente Raúl Alfonsín), tentaram fazer o mesmo,
mas não deu certo. As pessoas não
pagavam. Eu mesmo paguei dois
meses e depois parei. Não durou
muito para a taxa parar de ser cobrada", disse Quinones.
Quinones tem Anni há um ano.
Antes dela, teve outros cachorros.
Ele se diz um admirador de cães,
gatos e outros animais. Considera
a taxa "um desrespeito às pessoas
que têm os seus animais como se
fossem filhos".
Anni sai para passear uma vez
por dia, das 8h às 13h, com um
passeador profissional. Os seus
donos não podem acompanhá-la,
pois trabalham. No resto do tempo, ela fica dentro do apartamento, que tem uma área espaçosa.
Quinones afirma que ele e sua
mulher cuidam muito da limpeza e
dão instruções para o passeador
limpar as fezes feitas por Anni em
suas andanças matutinas.
(LG)
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