especial para a Folha

A ONG britânica MAG (Mines Advisory Group) desembarcou para trabalhar num país especial.
As bombas estão em todas as partes do Laos. O governo afirma que 50% do território está contaminado. A MAG é o mesmo grupo que trabalha em outros países contaminados por minas, como Camboja, Angola e Moçambique.
O trabalho é feito em três partes: alertar a população sobre os explosivos, principalmente crianças, encontrar os explosivos e eliminá-los. Cada tarefa é coordenada por um especialista britânico, que trabalha com pessoal recrutado e treinado em Ponsavan.
"A prioridade é limpar lugares públicos, como escolas e hospitais indicados pelo governo do Laos", diz Don McDonald, chefe do MAG na Província. Para fazer isso, primeiro chegam equipes com detectores de metal. O material encontrado é removido, se for possível. Caso contrário, é detonado no próprio lugar.
McDonald lembra do dia em que foram encontradas quase 600 bombas enterradas no chão de uma escola. Foram removidas e desativadas.
No total, o MAG mantém sete equipes fazendo demolições. Em três anos, foram eliminados mais de 35 mil explosivos.
"Nunca dá para afirmar que o local está completamente livre de bombas", diz Peter Newman, coordenador do grupo de demolições e especialista em armamentos. Ele explica que muitas bombas foram enterradas com a força do impacto e não foram detonadas. "Com as chuvas anos após anos, as bombas podem vir à tona de novo", completa.
Foi o que aconteceu com Xieng La, 52. Ele estava preparando seu campo para plantar mais arroz -o mesmo campo onde trabalhara desde que nasceu. De repente, sua enxada bateu em algo duro. Ele ouviu uma explosão e sentiu dor nas pernas, nas costas e na mão direita. Era uma granada, ou "bombie", como ele diz, que havia explodido. Xieng La passou oito dias no hospital e diz se considerar um "abençoado" por estar vivo e poder sustentar 11 filhos.



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