São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Invasão de hospital de Candahar, no qual os insurretos se abrigavam, é efetuada por afegãos e americanos

Ataque deixa 6 membros da Al Qaeda mortos

DA REDAÇÃO

Seis combatentes da rede terrorista Al Qaeda foram mortos ontem num grave enfrentamento num hospital de Candahar, no sul do Afeganistão.
O conflito ocorreu depois que soldados afegãos e seus conselheiros militares americanos invadiram o hospital para tomá-lo de um grupo de insurretos, que o controlava havia pouco mais de sete semanas.
Militares americanos continuaram a atacar focos de resistência no Afeganistão, que seriam utilizados por supostos combatentes da Al Qaeda, de Osama bin Laden, e do Taleban.
O resultado da operação realizada no hospital foi sangrento. O impasse no hospital já durava quase dois meses, quando soldados afegãos e soldados das forças especiais americanas que os auxiliam lançaram o ataque ao imóvel em que os insurretos se abrigavam.
A operação teve início pouco antes do amanhecer (horário local) com uma rajada de metralhadora e com duas explosões. "À frente, à frente", gritavam os americanos enquanto os afegãos vasculhavam todos os quartos do hospital -abrindo caminho com granadas e com disparos de fuzis automáticos.
"Eles lutaram até o último momento, até o último suspiro", declarou o porta-voz do governo provincial, Khalid Pashtoon, ao anunciar o final da operação, na qual seis combatentes de origem árabe foram mortos.
Os insurretos, que tinham ameaçado explodir a sala em que se encontravam se alguém a invadisse, pertenciam a um grupo de 19 combatentes feridos que tinham sido levados ao hospital pouco antes de as forças anti-Taleban tomarem Candahar, em 7 de dezembro passado.
Alguns deles conseguiram escapar, e as forças especiais americanas detiveram dois outros. Ademais, um combatente se matou ao detonar uma granada que estava em suas mãos.
O major Chris Miller -das forças especiais americanas- afirmou que as forças afegãs tinham liderado a operação. "Nosso papel se resumiu a aconselhar e a auxiliar [os afegãos". Eles fizeram um trabalho incrível. Foi uma operação inteiramente afegã", declarou Miller.

Cruz Vermelha
Na capital afegã, Cabul, um porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha afirmou que a entidade queria fotografar os mortos. O CICV quer tentar identificar os cadáveres para informar seus familiares.
"Trata-se de uma situação muito triste. Ela transformou o hospital numa zona de combate. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha espera poder tirar fotografias dos cadáveres. Isso é algo que temos feito com todos os corpos que encontramos no Afeganistão", afirmou Michael Kleiner, porta-voz da entidade.
"Tentaremos tirar as fotos visando a identificá-los. Assim, poderemos ao menos informar as famílias e entregar-lhes as fotografias", acrescentou.

Divergência
Autoridades e moradores da cidade de Hazar Qadam, atacada pelos EUA na semana passada, disseram no último final de semana que, diferentemente da versão oficial americana, nenhuma das pessoas mortas ou capturadas na cidade era membro do Taleban ou da Al Qaeda, como afirmara o Pentágono.
"Havia rumores de que pudessem existir membros da Al Qaeda nessa região, entretanto não há nenhum", afirmou Jan Muhammad Khan, governador da Província de Oruzgan, que se localiza a cerca de 120 km ao norte de Candahar.
Segundo o Pentágono, na última quinta-feira, houve os mais intensos enfrentamentos das últimas semanas. De acordo com Washington, 15 combatentes inimigos foram mortos enquanto outros 27 foram capturados na operação militar realizada em Hazar Qadam. De acordo com Khan, cerca de 60 pessoas foram mortas na ofensiva americana, incluindo alguns de seus homens.


Com agências internacionais


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