São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2002

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General Cardoso nega terrorismo na fronteira

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Num evento do qual participou o secretário da Justiça dos Estados Unidos, John Ashcroft, o general Alberto Cardoso, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, disse ontem que as suspeitas da existência de focos terroristas na região da tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai) são "especulações sensacionalistas da imprensa".
Cardoso e Ashcroft participaram em Washington da reunião do Comitê Interamericano Contra o Terrorismo da OEA (Organização dos Estados Americanos).
O encontro fora marcado para que os países-membros da organização relatassem seus avanços no combate ao terrorismo depois dos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos.
"Após mais de uma década de contínua vigilância, não se encontrou nada de concreto que ligue seus habitantes [da tríplice fronteira" ao terrorismo", disse o general Cardoso.
"Da mesma forma, não se identificaram quaisquer atividades ligadas ao financiamento daquele delito na região. Pedimos às autoridades dos países aqui representados para colaborarem com os órgãos de inteligência... como forma de argumentar contra essas especulações sensacionalistas da imprensa", afirmou o general brasileiro.

Clima cordial
Embora Cardoso tenha culpado a imprensa por divulgar suspeitas de que haveria apoio logístico ao terrorismo na tríplice fronteira, foi o governo dos Estados Unidos, e não a mídia, quem primeiro denunciou, após os atentados de setembro passado, que grupos extremistas internacionais poderiam estar atuando na região -por exemplo, usando o contrabando como meio de se financiarem.
No entanto Cardoso optou por não responsabilizar os Estados Unidos pela propagação das suspeitas, elogiando de forma geral a preocupação norte-americana contra o terrorismo.
Mantendo o mesmo clima cordial, Ashcroft, em seu discurso, evitou mencionar especificamente a região da tríplice fronteira como foco terrorista, limitando-se a dizer que o terrorismo internacional obtém recursos e guarida no hemisfério ocidental.
"Grupos terroristas operam no hemisfério", disse ele. Ashcroft apelou aos governos da região para que aumentem o controle de fronteiras e o combate à lavagem de dinheiro.

"A arte da guerra"
Falando em nome do presidente Fernando Henrique Cardoso, o general Cardoso disse que os serviços de inteligência do Brasil "permanecem vigilantes" e elogiou os esforços combinados dos países-membros da OEA para combater o terrorismo.
Ao salientar a importância do entrosamento dos serviços de inteligência no hemisfério, Cardoso citou um trecho do livro "A Arte da Guerra", manual sobre estratégia militar escrito há cerca de 2.500 anos pelo general chinês Sun Tzu.
"Se se conhecer o inimigo e a si próprio, não precisará temer o resultado de cem batalhas; se se conhecer a si mesmo, mas não o inimigo, para cada vitória conseguida, também sofrer-se-á uma derrota; se não se conhecer o inimigo nem a si próprio, sucumbir-se-á em todas as batalhas", recitou o general Cardoso. "Em suma: o conhecimento do inimigo é vital."


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