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General Cardoso nega
terrorismo na fronteira
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Num evento do qual participou
o secretário da Justiça dos Estados
Unidos, John Ashcroft, o general
Alberto Cardoso, ministro-chefe
do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, disse ontem que as suspeitas
da existência de focos terroristas
na região da tríplice fronteira
(Brasil, Argentina e Paraguai) são
"especulações sensacionalistas da
imprensa".
Cardoso e Ashcroft participaram em Washington da reunião
do Comitê Interamericano Contra o Terrorismo da OEA (Organização dos Estados Americanos).
O encontro fora marcado para
que os países-membros da organização relatassem seus avanços
no combate ao terrorismo depois
dos atentados de 11 de setembro
nos Estados Unidos.
"Após mais de uma década de
contínua vigilância, não se encontrou nada de concreto que ligue
seus habitantes [da tríplice fronteira" ao terrorismo", disse o general Cardoso.
"Da mesma forma, não se identificaram quaisquer atividades ligadas ao financiamento daquele
delito na região. Pedimos às autoridades dos países aqui representados para colaborarem com os
órgãos de inteligência... como forma de argumentar contra essas
especulações sensacionalistas da
imprensa", afirmou o general
brasileiro.
Clima cordial
Embora Cardoso tenha culpado
a imprensa por divulgar suspeitas
de que haveria apoio logístico ao
terrorismo na tríplice fronteira,
foi o governo dos Estados Unidos,
e não a mídia, quem primeiro denunciou, após os atentados de setembro passado, que grupos extremistas internacionais poderiam estar atuando na região
-por exemplo, usando o contrabando como meio de se financiarem.
No entanto Cardoso optou por
não responsabilizar os Estados
Unidos pela propagação das suspeitas, elogiando de forma geral a
preocupação norte-americana
contra o terrorismo.
Mantendo o mesmo clima cordial, Ashcroft, em seu discurso,
evitou mencionar especificamente a região da tríplice fronteira como foco terrorista, limitando-se a
dizer que o terrorismo internacional obtém recursos e guarida no
hemisfério ocidental.
"Grupos terroristas operam no
hemisfério", disse ele. Ashcroft
apelou aos governos da região para que aumentem o controle de
fronteiras e o combate à lavagem
de dinheiro.
"A arte da guerra"
Falando em nome do presidente
Fernando Henrique Cardoso, o
general Cardoso disse que os serviços de inteligência do Brasil
"permanecem vigilantes" e elogiou os esforços combinados dos
países-membros da OEA para
combater o terrorismo.
Ao salientar a importância do
entrosamento dos serviços de inteligência no hemisfério, Cardoso
citou um trecho do livro "A Arte
da Guerra", manual sobre estratégia militar escrito há cerca de
2.500 anos pelo general chinês
Sun Tzu.
"Se se conhecer o inimigo e a si
próprio, não precisará temer o resultado de cem batalhas; se se conhecer a si mesmo, mas não o inimigo, para cada vitória conseguida, também sofrer-se-á uma derrota; se não se conhecer o inimigo
nem a si próprio, sucumbir-se-á
em todas as batalhas", recitou o
general Cardoso. "Em suma: o conhecimento do inimigo é vital."
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