São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2002

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ISRAEL

Reservistas podem ser presos

52 israelenses se negam a agir contra palestinos

DA REDAÇÃO

Cinquenta e dois reservistas do Exército de Israel publicaram manifesto na imprensa do país afirmando que se recusam a atuar nos territórios palestinos. "Não continuaremos lutando para expulsar, destruir, bloquear, assassinar, fazer passar fome e humilhar os palestinos", diz a declaração.
O chefe das Forças Armadas de Israel, Shaul Mofaz, classificou como "muito grave" o manifesto. "É inadmissível que reservistas queiram decidir o que fazer em relação ao serviço militar", disse o general. Os militares correm o risco de ser presos pela atitude.
Apesar de estarem na reserva, esses oficiais continuam servindo periodicamente o Exército. Em Israel, o serviço militar é obrigatório e dura três anos para os homens e 21 meses para as mulheres. Porém até os 49 anos os israelenses são convocados anualmente para integrar o Exército pelo período de cerca de um mês.
A atitude dos reservistas acontece em momento de forte tensão em Israel, que está em estado de alerta, com policiais fortemente armados ocupando as principais ruas de Jerusalém e Tel Aviv.
A ação acontece após quatro atentados em menos de uma semana. Autoridades afirmam haver risco de novos ataques.
O controle nas fronteiras entre Israel e os territórios palestinos também foi intensificado pelo Exército. A fiscalização de mulheres passaria a ser tão rígida quanto a dos homens, após uma palestina ter cometido atentado suicida anteontem em Jerusalém, que matou um idoso israelense e deixou mais de cem feridos. Foi o primeiro ataque desse tipo realizado por uma mulher.
Perto de Tel Aviv, um palestino foi morto após atropelar dois policiais e um soldado, que ficaram feridos. Para a polícia israelense, o incidente foi um atentado. Os palestinos afirmam que era apenas um ladrão de carros. No assentamento judaico de Elon Moreh, na Cisjordânia, dois palestinos invadiram uma casa e feriram um menino de oito anos com faca. Nenhum grupo reivindicou a ação.
Pressionado pelos EUA e por Israel, o líder palestino Iasser Arafat ordenou a prisão de Fuad al Shobaki, um dos principais responsáveis pelas finanças da Autoridade Nacional Palestina (ANP). Ele estaria envolvido com o navio carregado de armas interceptado por Israel no início do mês.
Os EUA afirmam que receberam de Israel provas do envolvimento da ANP no caso. A Casa Branca estuda rompimento de laços com Arafat.
A postura dos EUA está sendo considerada favorável a Israel entre os países árabes. Egito, Jordânia e Arábia Saudita, principais aliados árabes dos norte-americanos, alertaram que a política dos EUA pode causar sérios estragos a interesses do país na região.
A União Européia respaldou Arafat, dizendo que ele deve ser o interlocutor dos palestinos, pois sem ele a situação ficaria pior.


Com agências internacionais


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