São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Pré-candidatos derrotados em New Hampshire fazem discurso otimista, vencedor pensa na "superterça"

Vitorioso, Kerry busca maior apoio no sul

DA REDAÇÃO

Após a vitória anteontem do senador John Kerry na primária de New Hampshire, os pré-candidatos democratas iniciam uma nova etapa no processo que vai escolher aquele que concorrerá pelo partido à Presidência dos EUA. Na próxima terça-feira, acontece a primeira "superterça", com a realização simultânea de prévias em sete Estados.
O resultado final de New Hampshire apresentou John Kerry com 38,4%, Howard Dean com 26,4%, Wesley Clark com 12,4%, John Edwards com 12% e Joe Lieberman com 8,6%.
Em seu discurso após a confirmação da vitória, Kerry disse que "agora a campanha se encaminha para todas as partes do país". A equipe de assessores do senador pretende dar início a uma agressiva estratégia para reproduzir nacionalmente o sucesso obtido em Iowa e New Hampshire.
A campanha de Kerry já começou um grande esforço publicitário nos sete Estados (Arizona, Delaware, Missouri, Novo México, Oklahoma, Dakota do Norte e Carolina do Sul) que farão suas prévias no próximo dia 3. Ao contrário de outros pré-candidatos, Kerry não estava veiculando anúncios ali.
Kerry está aproveitando o bom momento para aumentar o volume de contribuições e adesões à sua campanha. Ontem, o mais importante político negro da Carolina do Sul, o deputado Jim Clyburn, anunciou seu endosso ao senador por Massachusetts. A campanha de Kerry também pretende explorar o recente apoio dado pelo ex-governador desse Estado Ernest Hollings e vai promover um encontro de veteranos das Forças Armadas de todo o sul.
Auxiliares do pré-candidato também disseram que os governadores de Michigan, Iowa e Arizona estão próximos de anunciar publicamente suas adesões a Kerry.

Otimismo geral
Mesmo com a vitória incontestável de Kerry, todos os demais, sem exceção, procuraram dar declarações otimistas sobre o desempenho nas urnas. Até Lieberman, que não parece ter mais fôlego para continuar na disputa, se recusou a admitir a derrota: "O povo de New Hampshire me colocou dentro do ringue, e é aí que eu vou permanecer".
As prévias do Partido Democrata estão atingindo agora um novo patamar. De Estados pequenos (Iowa e New Hampshire), que dão poucos votos na convenção que indicará o candidato, a disputa agora se expande para um nível nacional.
Na terça-feira, vão estar em disputa 269 delegados (são necessários 2.162 votos para vencer a convenção do partido). O caucus de Iowa e a primária de New Hampshire juntos deram somente 67 delegados.
Além disso, na semana que vem, pela primeira vez no atual ciclo, a eleição democrata chegará à região oeste e ao sul do país, onde há uma grande população negra -cujas preferências eleitorais não raro são diferentes das da maioria branca.
Analistas dizem que é cedo para afirmar que Kerry vai se tornar o candidato democrata e não descartam sequer as chances de John Edwards. O senador da Carolina do Norte tem boa presença na Carolina do Sul e, se obtiver uma votação expressiva, poderá fazer frente a Kerry e Dean.
Com disputas simultâneas em vários Estados, as campanhas precisam adotar estratégias diferentes das que vinham sendo empregadas até aqui. Aparições públicas e contatos diretos com os eleitores perdem espaço e ganha mais importância a propaganda pela TV. O time de Howard Dean, por exemplo, ontem ainda hesitava entre comparecer a eventos em todos os Estados ou se concentrar nos locais onde o ex-governador de Vermont tem mais chances.
Anteontem também aconteceu a primária do Partido Republicano em New Hampshire. Sem contar com nenhum adversário de peso, o presidente George W. Bush foi escolhido por 85% dos eleitores. Mais de 20 outras pessoas também receberam votos, incluindo pré-candidatos democratas. John Kerry teve 2% dos votos na eleição republicana.


Com agências internacionais


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