São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Mortes ocorreram durante confronto; ao menos seis das vítimas eram de grupos terroristas, que prometem vingança

Israel mata 9 palestinos na faixa de Gaza

Hatem Moussa/Associated Press
Mãe de uma das vítimas da operação israelense chora, em Gaza, ao receber o corpo do filho


DA REDAÇÃO

O Exército de Israel matou nove palestinos -pelo menos seis deles integrantes de grupos terroristas- na faixa de Gaza em enfrentamento que pode produzir uma nova espiral de violência no Oriente Médio.
Os grupos terroristas Jihad Islâmico e Hamas afirmaram ontem que vão se vingar das mortes de seus membros. Nos funerais, centenas de palestinos entoavam gritos pedindo vingança e disparavam tiros para o ar. Os corpos dos mortos estavam envoltos em bandeiras dos grupos terroristas.
"A mensagem sangrenta foi recebida, e o povo palestino saberá como responder", disse Mohammed al Hindi, um dos líderes do Jihad Islâmico, grupo que teve cinco de seus integrantes mortos ontem. O outro terrorista que morreu pertencia ao Hamas. As demais vítimas eram civis, segundo autoridades palestinas.
Israel afirma que todos os mortos eram terroristas. Não houve vítimas israelenses na ação, considerada a mais dura nos últimos meses. Ela ofuscou uma missão americana que foi à região para negociar um diálogo entre o premiê de Israel, Ariel Sharon, e o palestino, Ahmed Korei.
"Essa agressão continuada precisa ser interrompida" disse Korei ao enviado dos EUA, John Wolf, em encontro em Ramallah (Cisjordânia).
Os enfrentamentos começaram perto do assentamento judaico de Netzarim, localizado em um ponto isolado da faixa de Gaza.
Militantes de grupos palestinos lançaram mísseis antitanque contra forças israelenses que faziam a segurança do assentamento. Os soldados responderam com tiros. Nesse primeiro choque, dois palestinos morreram.
Mais tarde, as forças israelenses deixaram Netzarim e se moveram em direção a Zeitoun, uma região da Cidade de Gaza, e entraram em choque com militantes palestinos. Nos enfrentamentos, sete palestinos morreram.
Segundo o Exército, a operação foi realizada para combater militantes que, constantemente, lançam morteiros contra o assentamento de Netzarim.
Mais de 200 palestinos participaram do enfrentamento em Zeitoun. A caminho de Gaza, os tanques israelenses destruíram plantações de laranja e oliva, além de esmagar os carros que encontraram pela frente.
De acordo com Saeb Erekat, o principal negociador palestino, "há sérios esforços dos EUA e do Egito para reativar o processo de paz. Porém essa incursão em Gaza deve minar os esforços".

Hizbollah
Ocorrerá hoje a troca de prisioneiros entre Israel e o grupo extremista islâmico libanês Hizbollah. Os israelenses libertarão 400 palestinos, outros 36 árabes e um alemão -que integra o grupo-, além dos restos mortais de 59 integrantes do Hizbollah. Em troca, o grupo libanês soltará o empresário israelense Elhanan Tannenbaum e devolverá os restos mortais de três soldados. A troca -com exceção dos palestinos- será na Alemanha.
Tannenbaum foi exibido ontem pela rede de TV Al Manar, do Hizbollah, no Líbano pela primeira vez desde que foi seqüestrado pelo grupo em outubro de 2000.

Com agências internacionais


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