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CHOQUE NO ORIENTE MÉDIO
Líder pretende unir "facções armadas palestinas" sob força única; Israel veta trânsito de deputados
Hamas quer formar Exército palestino
DA REDAÇÃO
Um dos principais líderes do
grupo terrorista Hamas, vitorioso
nas eleições parlamentares palestinas da última quarta-feira, afirmou ontem que o novo governo
está pronto para "unir as facções
armadas" (terroristas) dos territórios, incluindo a sua própria,
"para defender os palestinos".
Em entrevista coletiva, Khaled
Meshaal citou a possibilidade de
formação de um Exército. A idéia,
conforme for executada, contraria os acordos de Oslo (1993), que
impõem aos palestinos limitações
drásticas do uso de armamento,
restringindo-o à garantia de sua
segurança interna.
"Estamos ansiosos para formar
um Exército como qualquer outro país, um Exército para defender nosso povo contra a agressão", disse Meshaal, do seu exílio
em Damasco (Síria).
Meshaal é considerado pela inteligência de Israel como o chefe
da ala terrorista do Hamas desde
os assassinatos sucessivos do xeque Ahmed Yassin e de Abdel
Aziz al Rantissi por Israel, há quase dois anos.
O líder exortou o mundo a respeitar a organização terrorista
após a vitória esmagadora de sua
ala política na quarta e rebateu
críticas americanas e israelenses
contra o Hamas: "O mundo ergue
a bandeira da democracia e agora
deveria respeitar os resultados da
democracia".
Na entrevista de ontem, Meshaal também reiterou o desejo do
grupo em formar um governo
com todas as facções palestinas,
incluindo o Fatah, do presidente
Mahmoud Abbas, com quem
afirma já estar em contato. "Acreditamos que está no interesse de
todos tomar o trem do Hamas,
pois esse trem irá alcançar [o seu
destino]."
O Hamas, que conquistou 76
das 132 cadeiras do Parlamento,
está diante de um "grande desafio" e "deseja uma associação"
com o Fatah, disse Meshaal. O
partido de Abbas obteve 43 assentos, perdendo a hegemonia de
uma década da ANP.
Para Meshaal, os dirigentes do
Fatah "se precipitaram" ao anunciar que não tinham intenção de
governar com um movimento radical. O líder afirmou que a prioridade do Hamas é introduzir reformas no sistema político e reorganizar "a casa palestina", referindo-se à situação interna dos territórios, além de "manter a resistência palestina contra Israel".
"Resistência é um direito legítimo que nós praticaremos e protegeremos. Nossa presença do Parlamento irá fortalecer a resistência", disse Meshaal.
A carta de fundação do grupo
tem entre seus principais artigos a
destruição de Israel. Indagado se
o Hamas poderia emendar o capítulo e respeitar os acordos selados
pela Autoridade Nacional Palestina com Israel, Meshaal disse:
"Nós não reconhecemos a ocupação israelense, mas somos realistas e sabemos que as coisas são
feitas gradativamente".
Proibição de trânsito
O Ministério da Defesa israelense anunciou ontem que não permitirá que os deputados do Hamas circulem livremente entre a
Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
"Não há razão nenhuma para
que Israel conceda salvo-condutos a palestinos que pertencem a
uma organização que pede a destruição de Israel", disse Amos Gilad, conselheiro do ministro
Shaul Mofaz.
Com relação à possibilidade de
Meshaal retornar aos territórios
palestinos, Gilad afirmou que ele
seria "imediatamente detido" caso entrasse numa zona controlada por Israel. Segundo a imprensa
palestina, Meshaal poderia voltar
a Gaza já na próxima semana. Em
1997, ele foi alvo de uma tentativa
de assassinato em Amã, quando
agentes do Mossad (serviço secreto de Israel) lhe injetaram veneno.
Com agências internacionais
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