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Relator da ONU justifica terrorismo por parte de palestinos e abre polêmica
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Um relatório preparado por
um investigador das Nações
Unidas afirma que o terrorismo
palestino é "conseqüência inevitável" da ocupação israelense
e pode ser comparado à resistência ao nazismo e à luta contra o apartheid, o antigo regime
de segregação racial da África
do Sul. A comparação enfureceu a diplomacia israelense,
que considerou o documento
uma espécie de luz verde da organização ao terror.
O documento preparado por
John Dugard, investigador independente da ONU para o
conflito entre Israel e os palestinos, será apresentado no dia
17 de março no Conselho de Direitos Humanos da organização. Em um de seus trechos
mais polêmicos, Dugard diz
que é preciso lembrar o "contexto histórico" ao analisar a
violência palestina.
"A história está repleta de
exemplos de ocupações militares às quais se resistiu com violência, atos de terror. A ocupação alemã foi resistida por muitos países europeus durante a
Segunda Guerra", exemplifica,
sem distinguir ações contra militares das que atingem civis.
Dugard, um advogado sul-africano que se engajou na luta
contra o apartheid nos anos 80,
também separa o terrorismo
em categorias, fazendo distinção entre atos como o 11 de Setembro e os atentados palestinos. "O senso comum manda
que uma distinção seja feita entre atos de terror indiscriminado, como os da Al Qaeda, e os
cometidos em uma guerra de libertação nacional", diz ele.
O embaixador de Israel em
Genebra, Yitzhak Levanon,
considerou ultrajante a insinuação de que a ocupação dos
territórios palestinos tem o
mesmo peso do nazismo, responsável pelo extermínio de
seis milhões de judeus. Para
Levanon, o relatório demonstra ignorância e insensibilidade
ao relativizar o terror. "Durgan
diz que a Al Qaeda é criminosa,
mas que o terror palestino é resistência. Mas não diz que os
dois têm o mesmo objetivo:
matar civis inocentes."
Para Dugard, a ocupação dos
territórios palestinos, que em
2007 completou 40 anos, torna
o terror compreensível. Ainda
que os atos terroristas palestinos devam ser condenados, diz,
"eles precisam ser entendidos
como uma conseqüência dolorosa, mas inevitável, do colonialismo, do apartheid ou da
ocupação".
Hillel Neuer, diretor da ONG
UN Watch, que monitora os
trabalhos da ONU, disse que as
afirmações de Durgan dão legitimidade ao terror. "As afirmações estão entre as mais chocantes já pronunciadas por um
representante da ONU", diz. "A
organização já justificou o terror palestino implicitamente,
mas nunca de maneira tão clara
como Dugard."
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