São Paulo, sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / DEMOCRATAS NA BERLINDA

"Times" questiona defesa de Hillary a subsídios do álcool

Jornal diz que candidata recebeu doação de fundo alcooleiro, e Bill Clinton investe no setor

Firma citada aplica no Brasil; republicanos passam a focar Obama, que recebe duplo ataque de Bush e McCain sobre sua política externa

DA REDAÇÃO

Depois de questionar a relação do republicano John McCain com os lobbies em uma reportagem polêmica divulgada na semana passada, o "New York Times" agora levanta um possível conflito de interesses entre votos de Hillary Clinton no Senado americano sobre o álcool e doações à sua campanha de uma empresa que investe no setor e tem, inclusive, participação em firma brasileira.
"[Hillary] Clinton defendeu uma lei que daria bilhões em incentivos federais ao álcool e, sobretudo em seu Estado-base, Nova York, trabalhou em prol de um ambiente de negócios favorável aos investimentos em etanol procurados por amigos de seu marido e apoiadores políticos seus", diz o texto, colocado no site do jornal na madrugada de ontem. A campanha da senadora, afirma o "Times", não quis comentar o assunto.
A reportagem cita eventos da Clinton Global Initiative, misto de entidade filantrópica e rede de investidores montada pelo ex-presidente Bill Clinton que, entre outras coisas, defende a produção de combustíveis limpos (como o álcool).
Refere-se também à Yucaipa Companies, fundo de investimento privado e eventual beneficiária da lei defendida por Hillary -da qual seu marido é um dos conselheiros e cujo dono, Ron Burkle, levantou centenas de milhares de dólares para suas campanhas.
A Yucaipa, segue o texto, investiu milhões na Cilion Inc., que está construindo usinas de álcool pelos EUA, incluindo duas em Nova York, nas quais teriam recebido "ajuda" do gabinete de Hillary, segundo um executivo. São ações que vão de promover fóruns de investidores sobre álcool à oferta dos serviços de sua equipe.
A empresa também tem investimentos no Brasil, por meio da Brazilian Renewable Energy Co., (Brenco), fundo dirigido pelo ex-presidente da Petrobras Henri Philippe Reichstul e que teve investimento -embora modesto, cerca de US$ 20 mil- de Clinton.
Hillary, no entanto, votou para aumentar a taxação do produto brasileiro nos EUA.

Obama
A senadora parece estar sendo, aos poucos, excluída da disputa. Ao menos por seus advsersários governistas, que, com dianteira cada vez maior de Barack Obama, focam nele os ataques. Ontem, a dose foi dupla.
John McCain, o favorito para a candidatura republicana, acusou Obama de querer "entregar o Iraque a Al Qaeda" por causa de sua promessa de retirar as tropas americanas do país árabe tão logo assuma uma eventual Presidência.
Do atual ocupante do cargo, George W. Bush, veio uma crítica à sua defesa da negociação direta e sem precondições com governantes de países que os EUA hoje consideram hostis, como Cuba e Irã. "O que temos a perder abraçando um tirano? Mandaremos a mensagem errada", disse o presidente, que tem se mantido fora da campanha, citando Raúl Castro. "Não digo que nunca vamos conversar, mas agora não é hora."


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