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ACUSAÇÃO
Ataque seria o segundo a atingir mercado da capital; bombardeios continuam intensos
Ataque a mercado mata 58, diz Iraque
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A BAGDÁ
Ao menos 58 civis iraquianos teriam morrido em um novo bombardeio atribuído pelo Iraque à
coalizão anglo-americana num
mercado popular em Bagdá, segundo as autoridades do país.
Se confirmado o que está sendo
chamado pela mídia árabe de "O
Massacre de Shula", o nome do
bairro, será o segundo ataque em
menos de 48 horas a matar civis
na capital iraquiana.
A ação teria ocorrido no final da
tarde de ontem, o dia santo dos
muçulmanos. Na quarta-feira,
um ataque atribuído por Bagdá
aos EUA já havia atingido um
movimentado mercado no norte
de Bagdá, matando pelo menos 14
pessoas, ferindo outras 30 e causando grande revolta popular.
Até a conclusão desta edição, a
Folha não conseguiu confirmar
com o governo iraquiano o número exato de mortos e de feridos
no novo ataque nem suas circunstâncias.
O médico Osama Sakhari, do
Hospital Al Noor, um dos maiores de Bagdá, no entanto, disse
que havia recebido 55 corpos e 47
pessoas feridas imediatamente
após o bombardeio. Emissoras
árabes, entre elas a estatal iraquiana, mostraram imagens de caixões sendo carregados para fora
do Al Noor na noite de ontem.
Segundo a TV Abu Dhabi, mísseis de cruzeiro norte-americanos
teriam atingido o mercado, deixado uma cratera numa das ruas e
diversos carros queimados.
A TV Al Jazeera, do Qatar, mostrou imagens de corpos de mulheres e crianças que teriam morrido no ataque ao bairro comercial, no qual dois mísseis teriam
atingido um conjunto de lojas
movimentadas e incendiado diversas casas ao redor.
No final da noite de ontem, os
ataques contra Bagdá foram retomados. Até a conclusão desta edição, pelo menos mais três alvos
foram atingidos.
Durante toda a noite de anteontem e a madrugada e a manhã de
ontem, a coalizão retomou a onda
de fortes bombardeios que havia
atingido Bagdá durante o fim de
semana passado.
Pelo menos três estações de telecomunicações foram atacadas e
destruídas por mísseis e bombas,
todas entre 1h30 e 7h de ontem
(19h30 de anteontem e 1h de ontem em Brasília). Os armamentos
usados foram as bombas batizadas de "destruidoras de abrigos",
lançadas por aviões B-2, invisíveis
a radares.
São guiadas por satélite, foram
usadas ontem pela primeira vez
no conflito, pesam pouco mais de
2 toneladas cada uma e causam
pequenos abalos sísmicos em um
raio de até 1 quilômetro -daí serem conhecidas também como
"chacoalhadoras de terra".
A Folha visitou os três locais.
Um deles havia sido atingido já na
quarta-feira. Trata-se do complexo chamado de Torre de Saddam,
localizado na área de Al Mamooun. A torre em si foi poupada, mas o prédio de sete andares
ao lado foi totalmente destruído.
Os outros dois foram o escritório central da companhia telefônica estatal, que recebeu uma bomba no topo e um míssil que deveria destruir suas instalações subterrâneas, mas que não atingiu
seu objetivo por não ter explodido, e a central de atendimento.
No prédio, segundo o ministro
das Telecomunicações e Transportes iraquiano, ainda havia corpos sob os escombros na manhã
de ontem. Com os ataques às telecomunicações, cerca de um terço
da população ficou sem telefone.
A TV continua funcionando em
estado precário, e a TV por satélite está fora do ar.
De acordo com o Ministério da
Informação, sete civis foram mortos e 92 feridos nos ataques que
começaram na noite de anteontem, sem contar os mortos no
mercado. À tarde, ainda segundo
o governo, mais oito civis teriam
morrido quando um míssil demoliu um dos escritórios do Partido Baath, governista, em Bagdá.
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