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São Paulo, sábado, 29 de março de 2003

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Curdos avançam rumo a Kirkuk; Iraque responde com bombardeio

DA REDAÇÃO

Guerrilheiros curdos avançaram sobre posições iraquianas e chegaram perto de Kirkuk, cidade rica em petróleo e controlada pelas tropas de Saddam Hussein. Em resposta, os iraquianos bombardearam a cidade de Chamchamal, controlada pelos curdos.
A movimentação aumenta as tensões na frente norte da guerra contra o Iraque. Os curdos são aliados dos EUA, que tentam abrir uma nova linha de avanço contra Bagdá. Mas são inimigos da Turquia, que já vetou o uso de seu território por tropas americanas e tem ameaçado mandar soldados para a região para conter refugiados e o separatismo curdo.
Os guerrilheiros curdos, conhecidos como peshmergas ("aqueles que enfrentam a morte", em curdo), avançaram ontem sobre a linha de frente do Exército iraquiano, ao redor de Chamchamal. Eles teriam chegado a 15 km de Kirkuk, estratégica para os EUA, onde há fortes defesas iraquianas.
O avanço dos peshmergas se seguiu a bombardeios dos EUA sobre as colinas que cercam Chamchamal e à chegada de mil pára-quedistas americanos à base aérea de Harir, em território curdo.
O comandante curdo Mam Rostam mandou 300 peshmergas para posições iraquianas abandonadas após os bombardeios.
A reação iraquiana não tardou. No início da noite de ontem (fim da manhã no Brasil), Chamchamal foi bombardeada pela artilharia iraquiana, possivelmente a partir de Kirkuk, sem relatos de mortos ou feridos.
Os curdos iraquianos estão preparando campos para abrigar até 500 mil pessoas que eventualmente fugirem do território de Saddam. Os planos são parte do esforço curdo de mobilizar seus recursos limitados se a guerra se intensificar no norte.
O ministro turco das Relações Exteriores, Abdullah Gul, avisou ontem os curdos do norte iraquiano para não fazer nada que pudesse "provocar" a Turquia, que já tem 40 mil homens do seu lado da fronteira iraquiana, prontos para entrar no país.
Pressões dos EUA, da UE e da Otan parecem ter persuadido Ancara a não enviar tropas ao Iraque para conter fluxo de refugiados para a Turquia e sufocar qualquer tentativa de independência do Curdistão (território dividido entre Turquia e Iraque).
Mas o governo turco se opõe a ataques curdos a Kirkuk e a Mossul, cidades cujo petróleo poderia financiar a independência do Curdistão no pós-guerra.


Com agências internacionais


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