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São Paulo, sábado, 29 de março de 2003

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AÇÃO MILITAR

Iraquianos atacam comboios e forçam coalizão a fazer pausa para se reagrupar ao sul de Bagdá

Guerrilha reduz suprimentos dos EUA

DA REDAÇÃO

Pressionados por problemas logísticos, que interferem no deslocamento de tropas e suprimentos, e com um número considerado por analistas insuficiente de soldados em posição para um cerco final de Bagdá, os EUA desaceleram o ritmo de suas operações no Iraque e ensaiam explicações para o prolongamento da guerra.
O general Willliam Wallace, comandante das forças terrestres em território iraquiano, reconheceu em entrevista ao jornal "The Washington Post" que ""problemas logísticos" aconselharam a "uma pausa [no avanço]".
Fontes do Pentágono informaram que unidades específicas "recuperam forças e se preparam para a retomada do combate".
Pelo menos uma unidade, a 3º Divisão de Infantaria do Exército americano, que se encontra nas cercanias de Najaf (ao sul de Bagdá), não deveria tomar parte em ações contra os iraquianos ontem. A leste de Najaf, unidades com marines fizeram pausas em seus avanços "para se reagrupar e receber provisões".
Receber provisões se revelou um grande problema, agravado pelas táticas usadas pelos soldados e milícias fiéis a Saddam Hussein. Exemplo foi o ocorrido anteontem em Diwaniah (centro-sul do Iraque), de acordo com o "New York Times". Um comboio com 300 veículos americanos partiu em direção ao norte carregando combustível e armamentos para unidades com 22 mil marines distantes 10 km. Atacado por iraquianos, o comboio foi obrigado a recuar, mas não para o ponto de onde partira, mas para onde estava estacionado três dias antes.
O rápido avanço no interior iraquiano nos primeiros dias de guerra acabou por deixar as unidades americanas 300 km distantes da base principal -e com linhas de suprimento vulneráveis a ataques. "O inimigo contra o qual lutamos é diferente daquele para o qual havíamos nos preparados", admitiu o general Wallace na entrevista ao "Post".
Oficiais da reserva dos EUA criticam o Pentágono por ter iniciado a guerra com tropas terrestres supostamente insuficientes.
Ao que ontem o general Richard Myers, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, respondeu sustentando que a estratégia (de cercar as cidades e não invadi-las, enquanto tropas seguiam para Bagdá) adotada pela coalizão "é brilhante". Myers sustentou que, na ofensiva militar, o governo iraquiano já perdeu o controle de entre 35% e 40% do território do país. E que a coalizão anglo-americana detém supremacia sobre 95% do espaço aéreo.
Como esperado, Bush saiu em defesa de seus comandados: "A atual geração de militares não nos decepciona". De qualquer forma, tratou de preparar a opinião pública norte-americana "para perdas [de soldados] que devem ocorrer na batalha por Bagdá".
Soldados que, segundo a BBC, começam a ter sua moral afetada pela dura resistência iraquiana, por se depararem com táticas de guerrilha e pelo fato de o governo dos EUA ter ofertado à população uma guerra rápida. "Para mim já chega de receber tiros de todos os lados. Quero apenas ir para casa", disse um marine, em uma das frentes em Nassiriah, região em que os EUA anunciaram o desaparecimento de quatro soldados em combates ontem.
As autoridades iraquianas acusaram os EUA de dispararem bombas de fragmentação contra Najaf, cidade sagrada para os muçulmanos xiitas. As bombas teriam matado 26 civis e ferido outros 60 até a quinta-feira. Segundo a Reuters, ao menos 20 foguetes foram lançados rumo à cidade.


Com agências internacionais


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