|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Plano de paz rejeitado por Israel ganha nova chance
Relançada pela Liga Árabe, proposta saudita oferece paz em troca de retirada
Na abertura do encontro, o
rei saudita criticou a ação das forças americanas no Iraque, que qualificou de ocupação estrangeira ilegal
DA REDAÇÃO
Os líderes reunidos ontem
em Riad para a abertura da reunião da Liga Árabe aprovaram
por unanimidade o plano de
paz proposto pelos anfitriões
sauditas. Rejeitada em 2002
por Israel, ao ser apresentada
no encontro da organização em
Beirute, a proposta agora ganha
uma segunda chance.
Ao inaugurar o encontro, o
rei saudita, Abdullah bin Abd
al-Aziz, condenou a presença
de forças americanas no Iraque, indicando um distanciamento do principal aliado de
Washington na região. "Em
nosso querido Iraque, o sangue
está correndo entre nossos irmãos à luz de uma ocupação estrangeira ilegal", disse o rei.
Como era previsto, os líderes
presentes decidiram retomar a
iniciativa de paz saudita de
2002, que oferece a Israel a
normalização das relações com
o mundo árabe em troca da retirada total dos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias,
em 1967, de uma "solução justa" para o problema dos refugiados palestinos e do estabelecimento de um Estado palestino independente.
Israel rejeitou o plano quando ele foi apresentado pela primeira vez, em 2002. Mas, em
declarações recentes, o premiê
israelense elogiou a iniciativa,
embora deixando claro que a
questão dos refugiados continua sendo inegociável.
"Precisamos convencer os
políticos e líderes [de Israel] a
levar a iniciativa a sério", disse
Amr Moussa, secretário-geral
da Liga Árabe. "Eles querem
mudanças [na proposta] antes,
mas nós dizemos a eles que a
aceitem primeiro, para depois
virem à mesa de negociações."
Apoio internacional
A abertura da reunião teve a
presença do secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, e do chefe
de Relações Exteriores da
União Européia, Javier Solana,
em gestos de apoio à iniciativa.
Em um discurso abrangente
sobre os problemas da região, o
rei saudita abriu o encontro
dando destaque ao Iraque e à
questão palestina. Abdullah defendeu o fim do boicote internacional ao governo de união
palestino -cuja formação foi
sacramentada sob patrocínio
saudita no mês passado- para
avançar o processo de paz.
"Tornou-se necessário terminar o bloqueio injusto ao povo palestino o mais cedo possível para que o processo de paz
possa se mover em uma atmosfera sem opressão e força", disse o monarca saudita.
O veterano Shimon Peres, vice-premiê de Israel, reagiu ao
relançamento da proposta árabe com reservas. "Temos divergências em alguns dos temas. A
questão é como superá-las: por
meio de coação e força, ou pela
negociação", disse o Nobel da
Paz. "Eles podem trazer suas
posições e nós as nossas e podemos chegar a um acordo, como
fizemos com Egito e Jordânia
[os dois únicos países árabes
que têm relações com Israel]."
Criticada no discurso do rei
saudita, a desunião árabe ficou
clara na abertura da cúpula. O
Líbano mandou duas delegações, uma liderada pelo presidente cristão, Émile Lahoud, e
outra encabeçada pelo premiê
sunita, Fuad Siniora. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, votou a favor da proposta
saudita, enquanto Khaled Meshal, líder do Hamas, se absteve.
Para completar, o ditador líbio, Muamar Gaddafi, boicotou
o encontro, dizendo que a agenda é ditada pelos EUA.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Análise: Crise revela divisão no poder iraniano Próximo Texto: Guerra sem fim: Para Bush, prazo de Congresso para o Iraque causará desastre Índice
|