São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Plano de paz rejeitado por Israel ganha nova chance

Relançada pela Liga Árabe, proposta saudita oferece paz em troca de retirada

Na abertura do encontro, o rei saudita criticou a ação das forças americanas no Iraque, que qualificou de ocupação estrangeira ilegal

DA REDAÇÃO

Os líderes reunidos ontem em Riad para a abertura da reunião da Liga Árabe aprovaram por unanimidade o plano de paz proposto pelos anfitriões sauditas. Rejeitada em 2002 por Israel, ao ser apresentada no encontro da organização em Beirute, a proposta agora ganha uma segunda chance.
Ao inaugurar o encontro, o rei saudita, Abdullah bin Abd al-Aziz, condenou a presença de forças americanas no Iraque, indicando um distanciamento do principal aliado de Washington na região. "Em nosso querido Iraque, o sangue está correndo entre nossos irmãos à luz de uma ocupação estrangeira ilegal", disse o rei.
Como era previsto, os líderes presentes decidiram retomar a iniciativa de paz saudita de 2002, que oferece a Israel a normalização das relações com o mundo árabe em troca da retirada total dos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967, de uma "solução justa" para o problema dos refugiados palestinos e do estabelecimento de um Estado palestino independente.
Israel rejeitou o plano quando ele foi apresentado pela primeira vez, em 2002. Mas, em declarações recentes, o premiê israelense elogiou a iniciativa, embora deixando claro que a questão dos refugiados continua sendo inegociável.
"Precisamos convencer os políticos e líderes [de Israel] a levar a iniciativa a sério", disse Amr Moussa, secretário-geral da Liga Árabe. "Eles querem mudanças [na proposta] antes, mas nós dizemos a eles que a aceitem primeiro, para depois virem à mesa de negociações."

Apoio internacional
A abertura da reunião teve a presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e do chefe de Relações Exteriores da União Européia, Javier Solana, em gestos de apoio à iniciativa.
Em um discurso abrangente sobre os problemas da região, o rei saudita abriu o encontro dando destaque ao Iraque e à questão palestina. Abdullah defendeu o fim do boicote internacional ao governo de união palestino -cuja formação foi sacramentada sob patrocínio saudita no mês passado- para avançar o processo de paz.
"Tornou-se necessário terminar o bloqueio injusto ao povo palestino o mais cedo possível para que o processo de paz possa se mover em uma atmosfera sem opressão e força", disse o monarca saudita.
O veterano Shimon Peres, vice-premiê de Israel, reagiu ao relançamento da proposta árabe com reservas. "Temos divergências em alguns dos temas. A questão é como superá-las: por meio de coação e força, ou pela negociação", disse o Nobel da Paz. "Eles podem trazer suas posições e nós as nossas e podemos chegar a um acordo, como fizemos com Egito e Jordânia [os dois únicos países árabes que têm relações com Israel]."
Criticada no discurso do rei saudita, a desunião árabe ficou clara na abertura da cúpula. O Líbano mandou duas delegações, uma liderada pelo presidente cristão, Émile Lahoud, e outra encabeçada pelo premiê sunita, Fuad Siniora. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, votou a favor da proposta saudita, enquanto Khaled Meshal, líder do Hamas, se absteve.
Para completar, o ditador líbio, Muamar Gaddafi, boicotou o encontro, dizendo que a agenda é ditada pelos EUA.


Com agências internacionais


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