São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Equador autorizará projeto da Petrobras

Bloco de exploração de petróleo que fica dentro de parque nacional equatoriano está parado, à espera de licença ambiental

Decisão está para ser anunciada durante visita de Rafael Correa a Brasília, na próxima semana; estatal fica fora de outro bloco

Guillermo Granja/Reuters
Rafael Correa fala a manifestantes pró-governo da sacada do palácio presidencial, em Quito, em meio a conflito com o Congresso

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Depois de 20 meses de paralisação, o Equador deve conceder à Petrobras a licença ambiental para operar o seu projeto mais polêmico, um bloco de exploração de petróleo localizado dentro do Parque Nacional Yasuní, considerado reserva mundial da biosfera pela ONU. A empresa brasileira, porém, enfrenta resistências no governo equatoriano para participar do mais importante projeto petrolífero do país, o ITT.
"O bloco 31 já está resolvido", disse ontem à Folha um alto funcionário do governo equatoriano, sob a condição do anonimato. Existe a expectativa de que a aprovação seja anunciada durante a visita à Brasília do presidente equatoriano, o economista de esquerda Rafael Correa, na próxima quarta.
Contestado por ambientalistas, o bloco 31 está localizado na Amazônia equatoriana e teve a licença ambiental suspensa em julho de 2005, sob o governo de Alfredo Palacio. A medida obrigou a Petrobras a refazer o projeto, desta vez sem a construção de uma polêmica estrada dentro do parque, entre outras medidas.
A concessão da licença à Petrobras contraria a proposta de uma "moratória" em novos projetos petroleiros defendida por Correa durante a campanha presidencial, ano passado.
A paralisação de novos projetos tem sido defendida por organizações ambientalistas equatorianas, como a ONG Ação Ecológica, que faz uma campanha contra o bloco 31.

ITT
A Petrobras vem tendo mais dificuldades em se envolver na exploração da maior reserva não explorada de petróleo do Equador, o ITT. Também localizado em Yasuní, o bloco atrai o interesse de várias empresas, entre as quais a venezuelana PDVSA e a argentina Enarsa.
Embora a Petrobras não admita oficialmente, analistas do setor afirmam que a empresa brasileira quer explorar o bloco 31 para servir como ponta-de-lança para o vizinho ITT.
A diferença entre os dois blocos é enorme. No 31, a previsão da empresa brasileira é produzir 30 mil barris/dia em sua fase inicial. Já o ITT produziria 190 mil barris/dia, podendo dobrar depois de quatro anos, segundo o governo do Equador.
Duas empresas saíram na frente da Petrobras. As estatais chilena, Enap, e chinesa, Sinopec, recentemente assinaram um memorando de intenção para explorar o ITT.
Na semana passada, segundo a Folha apurou, houve um pré-acordo para que a Petrobras assinasse um memorando semelhante com a estatal PetroEcuador durante a visita de Correa ao Brasil. Anteontem, no entanto, o ministro da Energia, Alberto Acosta, surpreendeu a Petrobras ao dizer que a empresa brasileira não pode participar do ITT porque não é completamente estatal.
"Neste processo, a petrolífera brasileira não pode intervir diretamente porque é uma empresa mista, e não estatal", disse Acosta a jornalistas.
As declarações revelam uma disputa dentro do governo equatoriano entre o presidente da PetroEcuador, Carlos Pareja, tido como mais pragmático, e Acosta, considerado o mais "radical" no gabinete.
Enquanto isso, o bloco 18 da Petrobras, o único em operação da empresa brasileira no Equador, completou ontem 19 dias de paralisação por causa de protesto de moradores da região, que exigem US$ 2,5 milhões em compensações.
A empresa já deixou de produzir 750 mil barris de petróleo.


Texto Anterior: Guerra sem fim: Para Bush, prazo de Congresso para o Iraque causará desastre
Próximo Texto: Juiz reabilita deputados e reacende crise
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.