São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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Ação em Fallujah dificulta transição, diz Annan; bombardeio é retomado

DA REDAÇÃO

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, criticou o bombardeio da cidade iraquiana de Fallujah pelos EUA, que ontem entrou em seu segundo dia, e afirmou que a ação alimentará a resistência e dificultará a transição política.
Após o ataque de anteontem à noite, os marines americanos lançaram novos bombardeios e ataques terrestres contra a cidade sunita, onde estão radicados entre 1.000 e 2.000 insurgentes no que o presidente George W. Bush chamou de "bolsões de resistência".
"Nossos comandantes militares farão todo o necessário para garantir a segurança em Fallujah em nome do povo iraquiano", disse Bush, em Washington. "A maior parte de Fallujah está voltando ao normal. Há bolsões de resistência, mas nós vamos tornar a cidade segura, vamos cuidar dos que quiserem interromper a marcha da liberdade, como ocorre agora."
Segundo o porta-voz das forças americanas no Iraque, general Mark Kimmitt, o ataque de anteontem foi deflagrado quando soldados dos EUA viram dois caminhões em movimento, com os faróis apagados, num local em que insurgentes operavam horas antes. Aviões AC-130 bombardearam os veículos, que carregavam munição e explodiram, dando início a uma hora de combate entre soldados e insurgentes.
Segundo testemunhas, oito casas no bairro de Jolã, o mais atingido, foram destruídas, mas todas estavam vazias.
Apesar da intensidade dos ataques, hospitais locais haviam registrado, até a noite de ontem, dez feridos e nenhum morto.

Negociação
Por duas semanas, os EUA buscaram uma solução negociada para o impasse, temendo que uma nova ofensiva vitimasse civis, já que a geografia da cidade, 50 km a oeste de Bagdá, dificulta o uso de bombas de precisão. Uma ação militar no início do mês resultou na morte de mais de 600 iraquianos, a maioria dos quais foi enterrada em valas comuns abertas em dois campos de futebol.
"Quanto mais as forças de ocupação forem vistas tomando medidas que prejudiquem os civis, mais crescerão as fileiras da resistência", disse Kofi Annan. "O momento é de contenção e diálogo. É uma situação difícil, mas é preciso ser cuidadoso para que as coisas não piorem."
Durante a madrugada, novas explosões e tiros foram ouvidos na região sudoeste da cidade. À tarde, aviões americanos haviam lançado dez bombas guiadas por laser contra prédios usados como posto de combate pela insurgência, a maioria delas de 250 kg e uma de meia tonelada.
As patrulhas militares na cidade, no entanto, foram adiadas em um dia, para que os marines recebessem treinamento adicional. A operação deve ser promovida em conjunto com a polícia iraquiana.
Também ontem, dois soldados ucranianos morreram em um ataque com granadas-foguetes durante uma patrulha na região de Kut (sul), e um soldado dos EUA foi morto quando uma bomba explodiu em uma estrada no norte do país. Em Mossul, cinco policiais iraquianos foram mortos em um ataque à casa de um delegado.
Diante da intensificação da violência, os EUA anunciaram que aumentarão sua frota de tanques, mudando a estratégia inicial de reduzi-la em 2004.


Com agências internacionais

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