São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2011 |
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Bomba mata ao menos 14 em Marrocos Há 11 vítimas estrangeiras no ataque a um dos principais pontos turísticos do país; governo suspeita da Al Qaeda Praça Djemma el Fna, em Marrakech, é ponto de visitação inclusive de brasileiros; comércio teme fuga de turistas
ALENCAR IZIDORO EM MARRAKECH Um atentado a bomba em um dos principais pontos turísticos do Marrocos, a praça Djemma el Fna, na cidade de Marrakech, deixou ontem ao menos 14 mortos -sendo 11 estrangeiros- e 23 feridos. O ataque contra um café no local, o mais letal no país desde 2003, não foi reivindicado. O Marrocos, no entanto, afirmou suspeitar que seja de autoria de grupos locais ligados à rede Al Qaeda. A praça alvo da explosão é destino certo de dez em cada dez turistas, inclusive brasileiros, que vão a Marrakech. O cenário até anteontem era exatamente aquele estereótipo de vídeos de Marrocos: encantadores de serpentes, adestradores de macacos, mágicos e músicos, ao lado de vendedores de bugigangas e barracas de sucos de laranja e especiarias. Mas ontem à noite a Djemma el Fna já não tinha nada dessas atrações exóticas que encantam os visitantes. E quase não tinha turistas -só uma multidão de moradores da cidade (mais de mil). Comerciantes, vendedores e taxistas tentavam, sem sucesso, tranquilizar turistas ao longo do dia para evitar a fuga imediata ao aeroporto ou que ficassem enfurnados em seus riads -hospedagem típica, com uma série de quartos ao redor de um pátio. O discurso era único nas 12 horas que se seguiram ao atentado: "Fique tranquilo, essas coisas nunca acontecem aqui, não saia de Marrakech, foi só um botijão de gás que explodiu", dizia-se. A versão não resistia, porém, aos sinais da destruição. O Argana, café onde houve a explosão, era justamente um dos mais turísticos e bem enfeitados da praça. Com aparência externa de sofisticação perto das barracas da Djemma el Fna, havia recomendações do guia de viagens "Lonely Planet" para frequentá-lo, com a ressalva de chegar cedo para conseguir lugar na contemplação da praça ao entardecer. Quatro horas após o ataque, já no local da tragédia, Fatima Ezzahra El Mansouri, prefeita de Marrakech, admitia em conversa com a Folha que não se tratava de acidente. "O que se sabe é que foi um ato criminoso. O motivo precisa ser descoberto." Em meio a cadeiras, talheres e sapatos que voaram a mais de 20 metros devido à explosão (e ao chão ensanguentado), ela afirmou temer pelas consequências econômicas na região, fortemente marcada pelos turistas. O Conselho de Segurança da ONU condenou o atentado, que chamou de "atroz". Com agências de notícias Próximo Texto: Análise: Ataque é revés para onda de revoltas por mais democracia no mundo árabe Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |