São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2011

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FOCO

Brasil teve três casamentos da família real no século 19

FÁBIO GRELLET
DO RIO
BRUNO TORANZO
DE SÃO PAULO

Na corte, só se fala no casamento do príncipe. Os súditos esperam ansiosos pela noiva, que será recepcionada por 90 carruagens. A família real seguirá em cortejo pelas ruas da cidade. Para festejar, os prédios públicos estão ornamentados com tochas.
Não, esse não é o cenário do casamento do príncipe William com Kate Middleton, que atrai a atenção do mundo para Londres. É a descrição do Rio, então sede do império português, em novembro de 1817, quando o príncipe Pedro de Alcântara, aos 19 anos, se casou com Maria Leopoldina da Áustria, 20.
"Foi o primeiro casamento de um príncipe na América. Uma festa que durou dias e teve proporções inéditas para os brasileiros", conta o historiador Maurício Ferreira Júnior, diretor do Museu Imperial de Petrópolis.
Oficialmente, ela e Pedro já estavam casados quando se viram pela primeira vez. "Mais do que relacionamento pessoal, o casamento do príncipe era como um contrato entre as nações", diz.
Representantes de Portugal pesquisaram noivas na Europa, dando preferência a quem integrasse outras realezas. Leopoldina pertencia à família real austríaca.
A união interessava a Portugal porque a Áustria havia liderado o grupo que derrotara Napoleão Bonaparte. Para a família real austríaca, era uma chance de acesso à riqueza da América.
O casamento foi oficializado em Viena, sem o noivo. Pedro foi representado por chefe militar. Em seguida, a noiva viajou ao Brasil para a cerimônia mais esperada.
Maria Leopoldina chegou ao Brasil no dia 5, de navio. Desembarcou na praça 15 de Novembro trazendo 40 caixas que tinham a altura de um homem e guardavam, por exemplo, sua preciosa coleção de ciências naturais.
A cerimônia ocorreu no dia seguinte, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no centro do Rio, um dia após o casal se conhecer. "Foi celebrado um te-déum [espécie de agradecimento a Deus nos cultos cristãos]", diz o historiador da PUC-RS Jurandir Malerba.
O Rio foi palco de outros dois casamentos reais. Viúvo desde 1826, dom Pedro 1º casou-se novamente em 17 de outubro de 1829, com Amélia de Leuchtenberg. Em 4 de setembro de 1843 foi a vez de seu filho, dom Pedro 2º, casar-se com Teresa Cristina, na mesma igreja carioca.


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