São Paulo, quarta, 29 de abril de 1998

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ARGENTINA
Pai de C.C., 12, diz que Patricia Chávez teve relação amorosa com seu filho, que passará por exames médicos
Professora é acusada de seduzir garoto

AUGUSTO GAZIR
de Buenos Aires

O suboficial da Marinha argentina Vicente Correa, 49, denunciou à polícia de Punta Alta (600 km da capital argentina, Buenos Aires) a professora Patricia Chávez, 30, por ter seduzido e escrito cartas de amor ao seu filho, C.C., 12.
O caso está sendo chamado na Argentina de versão "light" da relação entre a professora norte-americana Mary Kay LeTorneau e um aluno. LeTorneau ficou grávida do garoto e foi condenada em fevereiro à prisão pela Justiça (leia texto ao lado).
A professora Patricia Chávez foi suspensa temporariamente da escola Hugo Sallnier, de Punta Alta, pela Direção Geral de Cultura e Educação da Província de Buenos Aires.
A denúncia de Vicente Correa foi encaminhada aos juízes Guillermo García Pereira (de menores) e Guillermo Giambelucca (penal), de Bahía Blanca (30 km de Punta Alta). A DDI (Direção do Departamento de Investigação) da cidade espera autorização dos juízes para convocar a professora para depor.
A Folha não conseguiu localizar Patricia Chávez, casada com um agente da Polícia Federal, em Punta Alta. Segundo a polícia, ela estava "transtornada" com a denúncia. A família de Vicente Correa não aceitou falar com a reportagem do jornal.
Apaixonados
Correa entregou à DDI quatro cartas que teriam sido escritas pela professora Chávez ao seu filho, durante o ano passado.
A Folha apurou, junto ao departamento de investigação, que C.C. afirmou que havia recebido as cartas da professora. O garoto se mostrou apaixonado pela professora e comentava sobre ela como um adulto.
As supostas cartas de Patricia Chávez tinham o mesmo tom apaixonado, com "promessas de amor".
"Pareciam cartas de namorados. Ela prometia muito amor", afirmou o delegado de plantão de Punta Alta, Ariel Pucheta. A denúncia foi apresentada à delegacia na última sexta-feira e logo encaminhada à DDI.
O filho dos Correa não falou no departamento de investigação se teve ou não contato íntimo com a professora. As cartas também não tratam do tema.
C.C., que é o mais novo de cinco irmãos, vai passar por exames médicos para diagnosticar se ele manteve relações sexuais com a professora. A caligrafia das cartas também vai ser analisada e comparada com escritos de Patricia Chávez.
Segundo a DDI, o garoto frequentava a casa da professora. Ele dizia aos pais que ia brincar com o filho de Chávez, de 5 anos.
Segundo depoimento de Vicente Correa à polícia, a desconfiança começou porque o filho chegava muito tarde quando ia à casa da professora.
Se for confirmado que as cartas são da professora, ela pode ser condenada pela Justiça argentina, mesmo que não tenha mantido relações com C.C.. Chávez seria julgada por "abuso desonesto" de menores.
No caso da professora norte-americana LeTorneau, cartas também tiveram papel chave. O episódio foi descoberto quando o marido da professora descobriu em sua casa cartas do aluno.



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