São Paulo, quarta, 29 de abril de 1998

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DISCÓRDIA
Ultra-ortodoxos não aceitam Estado antes da vinda do Messias
Seita judaica lembra fundação de Israel com marcha fúnebre

das agências internacionais


A seita judaica ultra-ortodoxa Naturei Karta sairá amanhã em marcha fúnebre pelas ruas de Jerusalém em protesto contra as comemorações do aniversário de 50 anos da criação de Israel.
Os adeptos da seita consideram o Estado de Israel uma blasfêmia, pois, além de ter um governo laico (separado da religião), sua criação teria desafiado a "vontade divina" segundo a qual o Estado judeu só deveria surgir após a chegada do Messias.
Os manifestantes vão se vestir como se estivessem de luto para protestar no bairro de Mea Shearim, reduto dos judeus ultra-ortodoxos de Jerusalém, que conservam os trajes de seus antepassados que viviam nos guetos da Europa no século passado.
O rabino Eliahu Benhamo afirmou que o dia 30 será um dia como outro qualquer para seus alunos. "Não participaremos de atividades blasfemas", disse Benhamo, 40. "A Torá (livro sagrado do judaísmo), o povo judeu e o país de Israel são sagrados, mas não este Estado."
Os cerca de 300 mil judeus ultra-ortodoxos existentes hoje em Israel representam cerca de 6% da população do país e quase 30% da de Jerusalém.
Apesar de contrários à existência de Israel, recebem apoio do governo, inclusive para financiar suas escolas religiosas, onde estudam cerca de 100 mil alunos.
Nas últimas eleições, o voto dos judeus ortodoxos que não são contra o atual Estado judeu conquistou 14 cadeiras no Parlamento. Geralmente contrários à devolução de terras para os palestinos, os ortodoxos integram a coalizão liderada pelo primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu.
As comemorações dos 50 anos do Estado de Israel acontecem amanhã.



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