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ESTADOS UNIDOS
Falha do sistema de segurança do aeroporto John F. Kennedy permitiu a entrada em área de embarque
Homem armado invade avião em Nova York
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Uma falha no sistema de segurança do aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, permitiu
que um homem armado com
uma pistola automática invadisse
um avião que iria para Las Vegas e
fizesse dois reféns na noite de anteontem.
Aaron Commey, 22, tentou ultrapassar a barreira de segurança
do aeroporto internacional às
22h20 (23h20 de Brasília) de quinta-feira. Quando um guarda desarmado se aproximou, ele apontou sua pistola 10 mm, disse "Saia
da minha frente" e correu em direção ao portão de embarque do
vôo 19, da National Airlines.
Em menos de um minuto, estava a bordo do Boeing-757-200, segundo Robert Boyle, diretor-executivo da autoridade portuária,
que cuida do aeroporto. Diferentemente dos outros terminais do
JFK, o 4W, onde tudo aconteceu,
tem só uma barreira geral com
raio x e detector de metais, que é
bem próxima dos portões dos
vôos.
Commey se rendeu às 3h de ontem e foi levado para fora do avião
já algemado. Ele foi oficialmente
indiciado na tarde de ontem num
tribunal do Brooklyn, sob acusação de praticar crime a bordo de
avião, sequestro de aeronave e pirataria aérea.
"Não sei como isso aconteceu,
pois temos a melhor segurança
portuária do mundo", afirmou
ontem à tarde Robert Boyle. O
porta-voz do aeroporto, Alan
Hicks, disse que a polícia chegou
ao local um minuto depois de o
homem invadir o avião: "Todos
agiram corretamente, como se
deve agir nessa situação".
Boyle disse que assim que o sequestrador ultrapassou a barreira
de segurança, o supervisor pressionou um botão que aciona a polícia local. "Há um desses em todos os aeroportos", disse.
Argentina
A porta do vôo 19, que atrasou
uma hora devido à neblina, estava
sendo fechada quando Commey a
alcançou e gritou "Segurem a porta!", segundo o passageiro Frank
Clark. O sequestrador escolheu a
linha aleatoriamente, pensando
se tratar de um vôo internacional.
Uma vez lá dentro, permitiu que
os 143 passageiros saíssem do
avião, assim como cinco membros da tripulação. Manteve apenas o piloto e o co-piloto como reféns. Ninguém se machucou.
O co-piloto foi o primeiro a ser
libertado pelo sequestrador e disse que a única exigência que ele fazia era ir para a Argentina ou outro país da América do Sul. O embaixador do país em Nova York
foi chamado ao aeroporto pelo
FBI, mas não chegou a fazer parte
da negociação.
Depois disso, Commey teria comentado que gostaria de ir para a
Antártida. À 1h de ontem (2h de
Brasília), o piloto foi libertado, e a
polícia passou a negociar a rendição dele, que continuava sozinho
e armado dentro do avião.
Seu pai, Samuel Commey, disse
ontem que o filho cresceu em Nova York, mas mudou-se com a
mãe e os irmãos para Milwaukee
alguns anos atrás. "Pode haver algo errado mentalmente com ele",
afirmou o pai, que disse desconhecer conexões entre o filho e alguém na Argentina.
Segundo o FBI, Commey não
tem antecedentes criminais e deve
passar por exames psicológicos
nos próximos dias. Ainda não está claro o motivo que o levou a sequestrar o avião e por que ele queria ir para a Argentina.
John F. Kennedy
O aeroporto John F. Kennedy,
no bairro nova-iorquino do
Queens, foi inaugurado em 1947.
Recebe 30 milhões de passageiros
por ano, em mais de 300 mil vôos.
Entre os destinos que oferece, está
Rio de Janeiro e São Paulo -a
companhia brasileira Varig tem
um escritório no local.
O único incidente envolvendo
sequestro aconteceu em 1969,
quando um avião que iria para
Porto Rico foi obrigado a decolar,
desviar sua rota e pousar em Havana, capital de Cuba. O sequestrador cumpriu pena de seis anos
e meio de prisão.
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