São Paulo, sábado, 29 de julho de 2000


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ESTADOS UNIDOS
Falha do sistema de segurança do aeroporto John F. Kennedy permitiu a entrada em área de embarque
Homem armado invade avião em Nova York

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Uma falha no sistema de segurança do aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, permitiu que um homem armado com uma pistola automática invadisse um avião que iria para Las Vegas e fizesse dois reféns na noite de anteontem.
Aaron Commey, 22, tentou ultrapassar a barreira de segurança do aeroporto internacional às 22h20 (23h20 de Brasília) de quinta-feira. Quando um guarda desarmado se aproximou, ele apontou sua pistola 10 mm, disse "Saia da minha frente" e correu em direção ao portão de embarque do vôo 19, da National Airlines.
Em menos de um minuto, estava a bordo do Boeing-757-200, segundo Robert Boyle, diretor-executivo da autoridade portuária, que cuida do aeroporto. Diferentemente dos outros terminais do JFK, o 4W, onde tudo aconteceu, tem só uma barreira geral com raio x e detector de metais, que é bem próxima dos portões dos vôos.
Commey se rendeu às 3h de ontem e foi levado para fora do avião já algemado. Ele foi oficialmente indiciado na tarde de ontem num tribunal do Brooklyn, sob acusação de praticar crime a bordo de avião, sequestro de aeronave e pirataria aérea.
"Não sei como isso aconteceu, pois temos a melhor segurança portuária do mundo", afirmou ontem à tarde Robert Boyle. O porta-voz do aeroporto, Alan Hicks, disse que a polícia chegou ao local um minuto depois de o homem invadir o avião: "Todos agiram corretamente, como se deve agir nessa situação".
Boyle disse que assim que o sequestrador ultrapassou a barreira de segurança, o supervisor pressionou um botão que aciona a polícia local. "Há um desses em todos os aeroportos", disse.

Argentina
A porta do vôo 19, que atrasou uma hora devido à neblina, estava sendo fechada quando Commey a alcançou e gritou "Segurem a porta!", segundo o passageiro Frank Clark. O sequestrador escolheu a linha aleatoriamente, pensando se tratar de um vôo internacional.
Uma vez lá dentro, permitiu que os 143 passageiros saíssem do avião, assim como cinco membros da tripulação. Manteve apenas o piloto e o co-piloto como reféns. Ninguém se machucou.
O co-piloto foi o primeiro a ser libertado pelo sequestrador e disse que a única exigência que ele fazia era ir para a Argentina ou outro país da América do Sul. O embaixador do país em Nova York foi chamado ao aeroporto pelo FBI, mas não chegou a fazer parte da negociação.
Depois disso, Commey teria comentado que gostaria de ir para a Antártida. À 1h de ontem (2h de Brasília), o piloto foi libertado, e a polícia passou a negociar a rendição dele, que continuava sozinho e armado dentro do avião.
Seu pai, Samuel Commey, disse ontem que o filho cresceu em Nova York, mas mudou-se com a mãe e os irmãos para Milwaukee alguns anos atrás. "Pode haver algo errado mentalmente com ele", afirmou o pai, que disse desconhecer conexões entre o filho e alguém na Argentina.
Segundo o FBI, Commey não tem antecedentes criminais e deve passar por exames psicológicos nos próximos dias. Ainda não está claro o motivo que o levou a sequestrar o avião e por que ele queria ir para a Argentina.

John F. Kennedy
O aeroporto John F. Kennedy, no bairro nova-iorquino do Queens, foi inaugurado em 1947. Recebe 30 milhões de passageiros por ano, em mais de 300 mil vôos. Entre os destinos que oferece, está Rio de Janeiro e São Paulo -a companhia brasileira Varig tem um escritório no local.
O único incidente envolvendo sequestro aconteceu em 1969, quando um avião que iria para Porto Rico foi obrigado a decolar, desviar sua rota e pousar em Havana, capital de Cuba. O sequestrador cumpriu pena de seis anos e meio de prisão.


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