|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RELIGIÃO
Ante crescente aceitação legal em países desenvolvidos, Igreja Católica lançará campanha contra casamento gay
Vaticano reage à união civil homossexual
DA ASSOCIATED PRESS
O Vaticano está procurando o
apoio de políticos e da opinião
pública em todo o mundo à sua
campanha contra o casamento
gay, pois está preocupado com a
crescente aceitação legal da união
civil homossexual na Europa e na
América do Norte.
As instruções nesse sentido,
exortando a classe política a se
opor a estender aos homossexuais os direitos concedidos a casais tradicionais, constam de um
documento preparado pelos
guardiões da ortodoxia na igreja,
a Congregação para a Doutrina da
Fé, declararam ontem funcionários do Vaticano.
O documento -"Considerações sobre as Propostas de Dar
Reconhecimento Legal a Uniões
entre Pessoas Homossexuais"-
será lançado na quinta-feira, segundo o Vaticano.
Um funcionário do Vaticano
classificou o texto de "reflexão
prática" para os políticos católicos, para os não-católicos e para a
opinião pública em geral.
"O documento defende que o
reconhecimento concedido a casamentos tradicionais não seja
ampliado às uniões homossexuais", disse o funcionário, pedindo que sua identidade não fosse
revelada. O papa João Paulo 2º e
os principais funcionários do Vaticano vêm-se pronunciando, há
meses, contra as propostas legislativas de legalização dos casamentos homossexuais.
A Igreja Católica não é a única
igreja cristã envolvida no debate.
Em sua convenção nacional, que
começa quarta-feira em Minneapolis (Minnesota), a Igreja Episcopal dos Estados Unidos decidirá se aprova uniões homossexuais
e sacerdotes abertamente gays,
questões que vêm causando profundas cisões em suas fileiras.
Os ensinamentos católicos pregam que os homossexuais não sejam submetidos a uma "discriminação injusta", mas os conclamam a manter a castidade.
Em janeiro, o papa aprovou diretrizes destinadas a políticos católicos, segundo as quais a oposição da igreja ao aborto, à eutanásia e ao casamento homossexual
continua existindo.
A igreja diz que é preciso promover a salvaguarda do casamento entre o homem e a mulher e
que "de forma nenhuma outros
modos de coabitação podem ser
colocados em nível semelhante ao
do casamento nem devem receber reconhecimento jurídico como tal".
Duas Províncias do Canadá
(Ontário e Colúmbia Britânica)
legalizaram o casamento homossexual, uma medida que atraiu
gays que vivem do outro lado da
fronteira com os Estados Unidos.
A Corte Suprema de Massachusetts (EUA) analisa a legalização
de uniões civis homossexuais.
Em Washington, alguns legisladores republicanos estão solicitando uma emenda constitucional que proíba o casamento gay
em todo o país.
No começo do mês, um importante cardeal alemão condenou a
lei de união civil homossexual
adotada em seu país, depois que
ela foi confirmada pela Corte Suprema do país, e a classificou de
um revés para a "família alemã".
"Agora, as associações de homossexuais têm uma arma potente para obter novas concessões na
estrada para a completa igualdade
em relação aos casais casados, incluindo o direito à adoção", se
queixou o cardeal Karl Lehman,
em entrevista à rádio do Vaticano.
O Vaticano está especialmente
preocupado com a redução da influência da igreja na Europa. Os
responsáveis pelo anteprojeto da
Constituição da União Européia
ignoraram os pedidos do Vaticano, que queria uma menção explícita às raízes cristãs da Europa.
Anteontem, o papa lamentou
que a mensagem da Igreja Católica estivesse sendo diluída na Europa, lastimando a difusão de
"um sentimento religioso vago e
pouco exigente, que pode se
transformar em agnosticismo e
em ateísmo prático".
Funcionários do Vaticano disseram que o documento -com
12 páginas de extensão e disponível em sete idiomas- é inteiramente dedicado à questão do casamento homossexual.
O parlamentar italiano Franco
Grillino, líder dos ativistas gays de
seu país, condenou a posição do
Vaticano, chamando-a de "nova
intrusão nos assuntos nacionais".
Ele acusou o Vaticano de agir de
modo severo demais na Itália e
em diversos países europeus predominantemente católicos, privando os gays de direitos garantidos em outras nações.
Texto Anterior: Terror: Ação antiterror mata 8 na Arábia Saudita Próximo Texto: Frase Índice
|