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São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

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Decisão sobre gays divide os anglicanos

DA REDAÇÃO

Três décadas de debate sobre a participação de homossexuais na Igreja Episcopal dos EUA (nome oficial da Igreja Anglicana naquele país) vêm criando disputas que podem finalmente implodir a denominação e o anglicanismo global nesta semana, quando líderes da igreja americana se reúnem para seu encontro nacional.
Os delegados reunidos em Minneapolis decidirão se aprovam cerimônias de bênção para casais do mesmo sexo e se confirmam a eleição do primeiro bispo americano abertamente homossexual -Canon V. Gene Robinson, do Estado de New Hampshire.
É bastante provável que a nomeação de Robinson seja ratificada no encontro. Já a aprovação da bênção das uniões homossexuais é considerada mais difícil.
Essas decisões podem estilhaçar a comunidade anglicana, estimada em 77 milhões de fiéis, dos quais 2,3 milhões estão nos EUA. Já a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, com sede em Porto Alegre (RS), estima ter 120 mil membros.
Caso a decisão seja favorável aos homossexuais, religiosos conservadores americanos prometem seguir o caminho de alguns bispos da África, da Ásia e da América Latina, que já se desligaram de algumas dioceses que toleram a homossexualidade.
Aqueles que defendem uma participação maior dos homossexuais dizem que os conservadores têm exagerado a ameaça à unidade da igreja. No passado, vários bispos já haviam ameaçado romper caso fosse aprovado o ordenamento de mulheres. A medida foi aprovada, mas não houve cisma.

Tensão crescente
Em maio, líderes anglicanos de todo o mundo se reuniram no Brasil, quando rejeitaram abençoar casamentos entre pessoas do mesmo sexo, mas afirmaram que os cristãos devem "responder com amor" aos homossexuais.
Em seguida, a diocese de New Westminster, no Canadá, autorizou a bênção de casamentos homossexuais. Em resposta, 40 bispos de todo o mundo e diversas paróquias canadenses romperam formalmente com a diocese.
No dia 7 de junho, os episcopais da diocese de Manchester, em New Hampshire, escolheram Robinson para bispo, atraindo críticas de conservadores de outras dioceses americanas. Divorciado, pai de dois filhos, Robinson vive há anos com o mesmo parceiro.
Um mês mais tarde, outro homossexual declarado, Jeffrey John, foi indicado para ser o bispo de Reading, na Igreja da Inglaterra, mas, sob pressão dos conservadores, desistiu do posto.
Já Robinson tem dito que não agirá como o colega britânico.
A igreja brasileira não tem uma posição final sobre a homossexualidade, mas não realizou nenhum ordenação de religiosos gays nem abençoou casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Em sua carta sobre o tema, recomenda "o diálogo, o bom senso e a preocupação pastoral com as pessoas de orientação homossexual na comunidade".


Com agências internacionais

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