São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Biografia militar do senador é destacada no dia da formalização de seu nome para a disputa de novembro

Democratas oficializam o "herói" Kerry

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A BOSTON

No dia em que foi oficializado como candidato democrata à Presidência dos EUA, John Kerry, 60, teve suas façanhas militares destacadas em vários discursos da convenção do partido.
Além disso, o senador por Massachusetts chegou a Boston, local da convenção e sua cidade natal, ao lado de companheiros que lutaram com ele na Guerra do Vietnã. Mais tarde, recebeu o apoio de uma dúzia de generais e almirantes reformados em cerimônia pública.
"Estamos assumindo essa luta pelo país e vamos recuperar nossa democracia e nosso futuro", declarou Kerry, triunfante. "Só gostaria de dizer que Bruce Springsteen estava certo. Nenhum recuo, nenhuma entrega", disse, citando o bordão de um dos cantores de rock mais populares dos EUA.
Desde o início da atual campanha, Kerry tem tentado minar o principal patrimônio eleitoral de Bush, que se autodefine como "um presidente da guerra" e como a alternativa mais segura na atual campanha americana contra o terrorismo internacional.

"Políticos do passado"
Kerry fará o discurso mais importante de sua carreira de 19 anos como senador nesta noite, no encerramento da convenção, quando aceitará a candidatura.
Seu desempenho e o destaque obtido pelo partido durante esta semana serão cruciais para o candidato tentar superar uma situação de empate técnico com Bush.
Ontem, a estrela da convenção seria o vice na chapa democrata, o senador John Edwards, 51, da Carolina do Norte, ex-rival de Kerry na corrida pela indicação do partido à eleição de 2 de novembro.
No discurso que faria à noite, Edwards também destacaria a biografia militar de Kerry, que voltou do Vietnã como herói depois de comandar um barco de patrulha.
"Seus companheiros na guerra viram de perto do que Kerry é feito. Viram quando ele puxou um de seus homens do rio para salvar sua vida. Viram quando, no calor da batalha, decidiu dar uma guinada em seu barco e ir diretamente para cima do inimigo, salvando sua tripulação." E arremataria: "Decidido. Forte. Não são essas as qualidades que você quer num comandante-em-chefe?".
Edwards incitaria os americanos a "rejeitar os velhos, odiosos e negativos políticos do passado" em troca de uma campanha que representa, segundo ele, "promessas renovadas e a esperança".
Oriundo de uma família simples da Carolina do Sul, Edwards ganhou fortuna e fama atuando como advogado contra empresas da área de saúde e hospitais, de onde arrancou mais de US$ 200 milhões para seus clientes em disputadas ações judicias.
Considerado bonitão e bom orador, Edwards voltaria a bater na tecla que marcou sua campanha, a das "duas Américas" -a dos ricos e a dos "desassistidos".

Blitz publicitária
A partir deste final de semana, o Comitê Nacional Democrata começa a despejar US$ 6 milhões em anúncios de TV para promover Kerry em mais de uma dúzia de Estados.
Ao mesmo tempo, para poupar recursos, Kerry retirará do ar por algumas semanas as peças pagas por sua própria campanha.
Ao ter optado por aceitar financiamento público de campanha nesta fase da corrida eleitoral, Kerry terá uma limitação de gastos de US$ 75 milhões entre a sua nomeação oficial e a eleição.
Bush terá a mesma limitação, mas ela só passará a valer no início de agosto, quando o republicano aceitar oficialmente a indicação do partido em sua convenção nacional, em Nova York.
Até lá, o Comitê Nacional Democrata procurará compensar a economia que Kerry fizer com os cerca de US$ 63 milhões que o partido tem no banco.
Ontem, Bush também iniciou uma série de gravações de novas peças de campanha, tendo o seu rancho em Crawford, Texas, como cenário.


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