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ELEIÇÃO NOS EUA
Biografia militar do senador é destacada no dia da formalização de seu nome para a disputa de novembro
Democratas oficializam o "herói" Kerry
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A BOSTON
No dia em que foi oficializado
como candidato democrata à Presidência dos EUA, John Kerry, 60,
teve suas façanhas militares destacadas em vários discursos da convenção do partido.
Além disso, o senador por Massachusetts chegou a Boston, local
da convenção e sua cidade natal,
ao lado de companheiros que lutaram com ele na Guerra do Vietnã. Mais tarde, recebeu o apoio de
uma dúzia de generais e almirantes reformados em cerimônia pública.
"Estamos assumindo essa luta
pelo país e vamos recuperar nossa
democracia e nosso futuro", declarou Kerry, triunfante. "Só gostaria de dizer que Bruce Springsteen estava certo. Nenhum recuo,
nenhuma entrega", disse, citando
o bordão de um dos cantores de
rock mais populares dos EUA.
Desde o início da atual campanha, Kerry tem tentado minar o
principal patrimônio eleitoral de
Bush, que se autodefine como
"um presidente da guerra" e como a alternativa mais segura na
atual campanha americana contra o terrorismo internacional.
"Políticos do passado"
Kerry fará o discurso mais importante de sua carreira de 19
anos como senador nesta noite,
no encerramento da convenção,
quando aceitará a candidatura.
Seu desempenho e o destaque
obtido pelo partido durante esta
semana serão cruciais para o candidato tentar superar uma situação de empate técnico com Bush.
Ontem, a estrela da convenção
seria o vice na chapa democrata, o
senador John Edwards, 51, da Carolina do Norte, ex-rival de Kerry
na corrida pela indicação do partido à eleição de 2 de novembro.
No discurso que faria à noite,
Edwards também destacaria a
biografia militar de Kerry, que
voltou do Vietnã como herói depois de comandar um barco de
patrulha.
"Seus companheiros na guerra
viram de perto do que Kerry é feito. Viram quando ele puxou um
de seus homens do rio para salvar
sua vida. Viram quando, no calor
da batalha, decidiu dar uma guinada em seu barco e ir diretamente para cima do inimigo, salvando
sua tripulação." E arremataria:
"Decidido. Forte. Não são essas as
qualidades que você quer num
comandante-em-chefe?".
Edwards incitaria os americanos a "rejeitar os velhos, odiosos e
negativos políticos do passado"
em troca de uma campanha que
representa, segundo ele, "promessas renovadas e a esperança".
Oriundo de uma família simples
da Carolina do Sul, Edwards ganhou fortuna e fama atuando como advogado contra empresas da
área de saúde e hospitais, de onde
arrancou mais de US$ 200 milhões para seus clientes em disputadas ações judicias.
Considerado bonitão e bom
orador, Edwards voltaria a bater
na tecla que marcou sua campanha, a das "duas Américas" -a
dos ricos e a dos "desassistidos".
Blitz publicitária
A partir deste final de semana, o
Comitê Nacional Democrata começa a despejar US$ 6 milhões
em anúncios de TV para promover Kerry em mais de uma dúzia
de Estados.
Ao mesmo tempo, para poupar
recursos, Kerry retirará do ar por
algumas semanas as peças pagas
por sua própria campanha.
Ao ter optado por aceitar financiamento público de campanha
nesta fase da corrida eleitoral,
Kerry terá uma limitação de gastos de US$ 75 milhões entre a sua
nomeação oficial e a eleição.
Bush terá a mesma limitação,
mas ela só passará a valer no início de agosto, quando o republicano aceitar oficialmente a indicação do partido em sua convenção nacional, em Nova York.
Até lá, o Comitê Nacional Democrata procurará compensar a
economia que Kerry fizer com os
cerca de US$ 63 milhões que o
partido tem no banco.
Ontem, Bush também iniciou
uma série de gravações de novas
peças de campanha, tendo o seu
rancho em Crawford, Texas, como cenário.
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