São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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VENEZUELA

Oposição denuncia manobra

Caracas alerta contra atraso do plebiscito

DA REUTERS

O vice-presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Ezequiel Zamora, disse ontem que atrasos no registro de eleitores e uma disputa envolvendo funcionários eleitorais podem impedir a realização na data marcada (15 de agosto) do plebiscito para encurtar ou não o mandato do presidente Hugo Chávez.
Zamora, apontado como um dos juízes do CNE favoráveis à oposição venezuelana, disse que não está "acusando ninguém". "Mas sinto que estamos perto de um adiamento. Estaríamos jogando com a paz na Venezuela se alguém fosse louco o suficiente para mudar a data do dia 15 de agosto", afirmou Zamora.
Líderes da oposição, que acusam o CNE de ser dominado por chavistas e de estar tentando impedir o plebiscito, exigem explicações sobre por que milhares de eleitores foram transferidos de locais de votação. Os oposicionistas também denunciaram falhas no registro de eleitores e uma tentativa do CNE de impedir o trabalho de funcionários eleitorais que assinaram a petição para pedir a realização do plebiscito.
"Esses abusos, como a transferência fraudulenta de eleitores, são parte do jogo de sabotagem que o CNE está fazendo", disse Antonio Ledezma, líder do oposicionista partido Aliança Povo Destemido. A maioria dos analistas políticos acredita que três dos cinco juízes do CNE são favoráveis ao presidente venezuelano.
O presidente do Conselho, Francisco Carrasquero (visto como chavista), negou a existência de qualquer fraude no registro de eleitores. "Eu não vejo nenhum grande obstáculo", disse o juíz do CNE Jorge Rodríguez (considerado chavista) sobre a realização do plebiscito no dia marcado.
Chávez foi eleito em 1998 e, em 2000, ganhou nas urnas novo mandato, previsto para acabar no início de 2007. Um atraso no plebiscito seria bastante vantajoso para o presidente. Pelas leis venezuelanas, o prazo para que o seu eventual substituto seja escolhido em uma nova eleição direta acaba no próximo dia 19. Caso o plebiscito seja feito depois e o presidente perca, ele será substituído pelo vice, José Vicente Rangel. Isso não interessa à oposição, já que Rangel é um forte aliado de Chávez.
Uma pesquisa divulgada anteontem, feita por encomenda da PDVSA, a estatal petrolífera do país, aponta que 49% dos eleitores devem votar a favor de Chávez e 41%, contra (a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais).


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