São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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AVIAÇÃO

Conselho debate instalação de câmeras na cabine para registrar movimentos; pilotos dizem que perderão privacidade

EUA querem 3ª caixa-preta com vídeo

DO "NEW YORK TIMES"

Autoridades da aviação dos EUA defenderam a instalação de uma terceira caixa-preta -um gravador de vídeo na cabine dos aviões- para complementar os gravadores já existentes, de voz e de dados.
Entretanto, na abertura anteontem de uma audiência de dois dias para intensificar a campanha que o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) realiza há quatro anos em defesa do uso do vídeo, a idéia encontrou resistência acirrada de pilotos preocupados com sua privacidade e de companhias aéreas preocupadas com o peso e a despesa extras.
Representantes do NTSB disseram que a existência de imagens em vídeo os teria ajudado a descobrir o que aconteceu em desastres como o do vôo 990 da EgyptAir em 31 de outubro de 1999, que acabou sendo visto como resultado de um ato proposital do co-piloto. A presença de uma câmera teria deixado claro quem estava na cabine na hora do acidente.
Para proteger a privacidade dos pilotos, as gravações em vídeo poderiam ser objeto da mesma lei que protege as gravações de voz da cabine contra a exposição pública. Mas o capitão John Cox, presidente do comitê de segurança da Associação dos Pilotos, observou que vozes gravadas na cabine já foram divulgadas pela TV.
"Quando o avião sai do limite de 12 milhas e entra no espaço aéreo internacional, tenho dúvidas sérias quanto à possibilidade de impedir que os dados cheguem à internet", disse Cox. Ele afirmou que imagens em vídeo são subjetivas e não constituem informação tão confiável quanto os gravadores de dados de vôo. O dinheiro disponível, afirmou, seria melhor gasto nesses gravadores ou em outros artefatos de segurança.
Mas Carol Carmody, integrante do conselho, disse achar difícil ser contra a disponibilidade de mais informações. Ela concordou que imagens em vídeo, isoladas, assim como gravações de voz isoladas, deixam brechas e são sujeitas a erros de interpretação, mas afirmou que elas constituiriam ""mais uma peça do quebra-cabeças".
O conselho recomendou a instalação de gravadores de vídeo nas cabines ainda em 2000, mas a Administração Federal de Aviação estuda como tal sistema poderia ser montado. Os especialistas concordam que os avanços rápidos na tecnologia de vigilância tornam tal sistema uma idéia viável. Assim como os gravadores de voz utilizam vários microfones, um sistema de vídeo poderia usar várias câmeras e armazenar os dados em chips de computador, que resistem a quedas.


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